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sexta-feira, 21 de julho de 2017

SINDICATO

Os Sindicato foram criados na recta final da década de 1960. Este projecto foi praticamente um "who’s who" do rock nacional de então. Pelas suas fileiras passaram Ricardo Levy e Júlio Gomes (guitarras), Edmundo Falé (voz, ex-Ekos e Conjunto Mistério), João Maló (guitarra, ex-Chinchilas), Eduardo Oliveira (aka Necas, que participaria nas gravações do primeiro LP do Quarteto 1111, sendo mais tarde um dos membros dos NZZN), Vítor Mamede (bateria, ex-Chinchilas e futuro membro dos Status, Quarteto 1111 e Green Windows), Rui Cardoso (saxofone, ligado ao jazz desde os finais dos anos 50 e autor de bandas-sonoras de vários filmes portugueses) e Rão Kyao (que tinha já integrado os Bossa Jazz 3, partindo já depois do 25 de Abril para uma reconhecida carreira a solo), além de dois outros músicos na secção de sopros, Luís Pereira (trompete) e Cirilo Coutinho (trombone), este último já falecido, bem como Jorge Palma que foi teclista e cantor dos Sindicato, banda rock com ambições a ser uma espécie de Blood Sweat & Tears portugueses, para o que muito contribuiu a inclusão de uma secção de metais da qual fazia parte Rão Kyao. O facto dos Sindicato terem de coordenar uma série tão diferente de sonoridades inspirará Palma a trabalhar como arranjador, carreira que o ajudará a sobreviver durante parte da década de setenta, ao regressar, depois do 25 de Abril, de uma estadia de um ano na Dinamarca para evitar a chamada à guerra colonial. Numa época em que primeiro os Blood, Sweat And Tears e depois os Chicago surgiam com um rock marcado pelas sonoridades do jazz, os Sindicato tentavam também, tal como o projecto O Controle, mostrar que em Portugal havia um caminho a trilhar nessa área. No que toca a edições discográficas, deixariam apenas o registo de "Smile", de 1971 e em dois temas da colectânea de Paulo de Carvalho publicada no mesmo ano pela Phonogram. No primeiro destes discos apresentavam, no lado A, a composição original homónima, com uma progressão musical algo devedora do free-jazz e, no lado B, uma leitura muito particular de "Blue Suede Shoes", o original de Carl Perkins. A produção ficou a cargo de Luís Villas-Boas, patrono do jazz português que, na altura, colaborava com a editora. Aos Sindicato coube a responsabilidade de criarem as versões instrumentais de "Flor Sem Tempo" e de "Walk On the Grass". No Verão de 1971, os Sindicato participaram no Festival de Vilar de Mouros actuando, no fim-de-semana dedicado à "música moderna para a juventude" (7 e 8 de Agosto). Com Edmundo Falé como vocalista, o grupo apresentou a sua música a um público que não entendia as deambulações jazzísticas e elaboradas dos músicos, mas que depois não regataria aplausos ao concerto da Manfred Mann’s Earth Band (que ainda estava a seis meses da edição do seu álbum de estreia). Em 1972, a banda terminou a sua carreira. [João Carlos Callixto/Carlos Santos].

DISCOGRAFIA

 
SMILE [7"Single, Philips, 1971]