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quinta-feira, 20 de julho de 2017

FADOMORSE

Não seria muito expectável que um dos mais interessantes projectos a misturar os conceitos de música pop e tradicional tivesse tido poiso em Mirandela mas talvez seja esse um dos grandes preconceitos portugueses, o de esperar que é das grandes urbes que virá sempre o anunciado. 2000 foi ano de nascença do grupo mas só dois anos depois, em Julho, pudemos ser brindados com o seu primeiro disco, "Gritar o Fado", um trabalho inovador mas ainda preso a alguns pressupostos normalmente presentes em inícios de carreira. Suportado em 30 intervenções culturais para sua divulgação, o disco apresentou-se em regime de edição de autor, embutido num cuidado, discreto e funcional embrulho onde se encontrava incluído um azulejo português. O conteúdo sonoro indiciava já as premissas do que viria a ser a carreira do grupo: recolha e transformação de música tradicional, trabalhada em formato de canção pop, denotando o facto da discografia de Né Ladeiras e da Banda do Casaco ter sido atentamente escutada por aquelas bandas. Em Novembro de 2004, os Fadomorse editaram "Entrudo", um novo disco com outra capa original - uma réplica de uma máscara secular, tradicionalmente utilizada nos festejos do Carnaval na região duriense profunda -, cujos temas foram celebrados ao vivo durante uma extensa tour de 47 datas realizadas de norte a sul do país e que chamou a atenção para a banda junto de muitos melómanos que ainda a desconheciam. "Entrudo" foi um disco de ruptura em que os Fadomorse, numa constante evolução interna, procuraram ir pouco mais além do que haviam feito no trabalho de estreia. O grupo apresentava-se, então, como resultado do esforço combinado de uma série de músicos locais: Hugo Correia (guitarra portuguesa, piano, voz), Hugo Ferraz (MC), Ronaldo Firmino (bateria), Manuel Pinheiro (percussão), Bruno Rodrigues (baixo), Jorge Loura (guitarra), João Figueiredo (saxofone), Elisa Trigo (flauta transversal, flautim), David Leão (flauta pastoril),e Tiago Canadas (sonoplastia, bombos). Dada a boa receptividade obtida, os Fadomorse reeditam então, em Maio de 2005, o seu primeiro disco, convidando para o efeito músicos consagrados como Adolfo Luxúria Canibal (Mão Morta), Abel Beja (Primitive Reason), Alex FX, Diana Silveira, Fat Freddy ou Peixe (Pluto). Em Junho desse ano, gravam um DVD ao vivo, com o musical "Matraquilho dos Pobres" e, em 25 de Abril, editam o EP "Popétnico", onde contam com a participação de Amélia Muge, Daniela Correia e de Jackeline Fernandes. O ano de 2006 é praticamente dedicado às actuações ao vivo, através da bem sucedida "Íntimo Tour", apresentando-se em 48 espaços localizados um pouco por todo o lado. Aproveitam para proceder à gravação das suas melhores actuações com vista a edição posterior de um disco ao vivo, o que acabou por não se concretizar. Em 2008, contando com Sofia Portugal (voz), Dasilvassauro (percudrum), Toninho Arreboutas (contrabaixo, Baixo), Konstantino Meio Litro (flauta transversal, flautim, ocarina e gaita de foles), Dionisio Faisca (cavaquinho, braguesa, guitarra portuguesa, voz), Francisco Balsas (teclados, acordeão), Amílcar Travolta (percussão, voz) e Queçi Manbo (guitarra, voz), os Fadomorse lançam finalmente o seu derradeiro trabalho, "Folklore Hardcore", um disco que apesar de continuar a assentar as suas premissas na matriz da música tradicional, rompe com as barreiras até então impostas, apelando mais à electrónica e ao ritmo desenfreado do rock. Do aparente caos instalado, podemos aperceber-nos que nasce um disco complexo, algo confuso dada a quantidade de direcções apontadas, mas onde se volta a rebuscar a essência das raízes da música rural portuguesa. Sobre o disco, o mentor e multinstrumentista do projecto, Hugo Correia, dirá que "este disco é o mais surreal da nossa vida. Com um charme rural muito acentuado, adaptámos este conceito de uma rádio. É um trabalho muito sarcástico e bem disposto que se distingue dos outros ao apresentar um objectivo global na sua sonoridade que é o de se ter procurado fazer um programa de rádio dentro de um disco". Os Fadomorse entram entretanto num período letárgico que anunciava o seu fim. Contudo, já em 2011, surge a notícia de que a banda ainda se encontra activa, preparando-se para comemorar os seus 13 anos de existência e editar um novo trabalho discográfico, "FMI - Fadomorse Magála Invisível" de seu nome, que será comercialmente editado em 29 de Fevereiro de 2012. A tournée de apresentação do disco iniciar-se-á ainda este ano, a 26 de Novembro, no Teatro São Luís em Lisboa integrado no Festival Lisboa Mistura. Viva a crise! O grupo é actualmente composto por Hugo Correia, Hugo Ferraz, Ronaldo Firmino, Bruno Rodrigues, Henrique Portovedo, Maria da Rocha, Ludgero Rosas, Sofia Portugal e Tiago Fernandes.

DISCOGRAFIA

 
GRITAR O FADO [CD, Edição de Autor, 2002]

 
ENTRUDO [CD, Edição de Autor, 2004]

GRITAR O FADO REVISITADO [CD, Edição de Autor, 2005]

 
POPÉTNICO [CD, Edição de Autor, 2006]

FOLKLORE HARDCORE [CD, HeptaTrad/Mdparte, 2008]

 
MAGALA INVISÍVEL [CD, Ethereal Sounds Work, 2012]

COMPILAÇÕES

 
PROMÚSICA 28 [CD, Promúsica, 1999]

 
DIVERGÊNCIAS.COM [CD, Independent Records, 2004]

 
PORTUGAL EXPRESSÃO PORTUGUESA [CD, Megamúsica, 2006]


SEVEN [DVD, Ethereal Sound Works, 2012]

 
SEVEN [CD, Ethereal Sound Works, 2012] 

PRESS
Destaques, Promúsica 28 de 05-1999
Código Incerto, Eduardo Sardinha, Blitz nº 941 de 12-11-2002
Um Código Nosso, Eduardo Sardinha, Blitz nº 958 de 11-03-2003