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domingo, 23 de julho de 2017

WHITE HAUS

João Vieira não é desconhecido para ninguém. Também conhecido como DJ Kitten, começou a tocar em Portugal há 12 anos, fez residência no Lux durante 5, passou pelos principais festivais e partilhou cabine com nomes como 2 Many Djs, SebatiAn, Boys Noize, Rory Philips, entre outros. Foi também vocalista e guitarrista dos X-Wife, com os quais lançou 4 álbuns durante 9 anos, celebrados tanto em palcos portugueses e internacionais (SXSW, CMJ, Primavera Sound). Era o tempo do electroclash e da redescoberta do pós-punk que fundamentou o nascimento dos X-Wife. Uma década depois, a banda evoluiu para um formato mais rockeiro, com bateria incluída e o parceiro de banda Rui Maia afirma-se na mesa de mistura como Mirror People. O músico lançou-se agora a solo com White Haus, projecto apontado para a pista de dança que prolonga o seu legado como DJ. O single inaugural, "How I Feel" introduziu as suas influências leftfield disco de Nova-Iorque, electrónica 80′s e No Wave, numa sonoridade suja e urbana, dominada pelo ritmo urgente do baixo musculado, dos synths industriais e vocais instigadores que trazem à memória o dance-punk viciante de "OH" dos britânicos We Have Band atravessado pelo falsete dos Scissor Sisters. O vídeo de estreia foi filmado por Vasco Mendes que captou na sua câmara três personagens dos subúrbios: Igor Domingues (bateria), Maria Ferreira e Young Yman (dançarino). O mundo mudou e a resposta são os White Haus, um empreendimento sonoro mais virado para a pista que se estreou com um EP físico e um vídeo a preto e branco com ar suburbano que apesar de ter sido gravado na Prelada "podia ser em qualquer lado". Vieira inspirou-se nos Throes + The Shine, convocou o baterista da banda que inventou o rockuduro e o realizador de Batida, Vasco Mendes. "Não queria história, não queria nada. Só queria um vídeo que fosse visualmente muito forte" - afirmou. Em White Haus, Vieira só pretende usar duas cores. O preto e branco de "How I Feel", faixa que se relaciona com o impulso punk funk nova-iorquino e que não tem medo de beber sangue negro em The Message de Grandmaster Flash. Uma exploração inédita no músico mas familiar ao DJ que estreita os dois universos. Como era sua intenção. Os primeiros cabelos brancos já começaram a nascer-lhe mas João Vieira não tem medo de reconhecer que “há que pensar nas novas gerações”. Aqueles que viam no Club Kitten a melhor noite de sempre da próxima semana "começaram a envelhecer" e "uma pessoa não pode viver só a pensar no passado". Foi desse reconhecimento que o público se tinha alterado que nasceram os White Haus, "em casa com Pro Tools, teclado MIDI e baixo". Vieira assume o papel de one man band ao contrário dos X-Wife que são três pessoas "e têm um determinado formato". Mais pop e convencional dentro do formato de uma banda. Ainda assim, "é evidente que há uma ligação". Os X-Wife, continuam a criar músicas novas, agora com um sistema diferente de ensaios intensivos de duas semanas, prolongado por uma interpretação individual e caseira, esperando-se que no final de 2013 surjam novidades. "O próximo material que gravarmos vai sair diferente", antecipa. "Era importante pararmos. Foram dez anos."

DISCOGRAFIA

 
WHITE HAUS [12"EP, Norman Records, 2013]

 
THE WHITE HAUS ALBUM [2xCD, Nortesul, 2014]

 
MODERN DANCING [CD, Nortesul, 2016]