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segunda-feira, 10 de julho de 2017

KURZ

Corria o ano de 1993 quando, em Lagos, o canadiano Robert Trummer (voz), Hugo Conim (guitarra, baixo, percussão, teclas, samplers) e Tiago J. (percussão), formaram os Die Krach Maschine ("A Máquina do Ruído"). Incendiados por influências tão seminais como os primeiros registos dos Swans, Einstürzende Neubauten ou Test Department, vão (des)construir ruídos e arquétipos sonoros, utilizando, para tal, não só instrumentos convencionais (baixo, guitarra...) mas, também, outros menos normais, muitas vezes “reciclados” do lixo urbano: chapas, bidões, máquinas de lavar, rebarbadoras, etc. Para a envolvência e espírito das suas criações vai contribuir, também, o local de ensaios, uma velha fábrica abandonada nos arredores da cidade. Apesar disso, as letras do projecto versam mais sobre temáticas de crítica social. A estreia ao vivo deu-se no ano seguinte, no Centro Cultural de Lagos, tendo sido objecto de excelentes críticas e levando ao estabelecimento de contactos para uma possível edição, facto esse que, infelizmente, nunca se verificou. Contudo, e ainda durante esse ano, gravam uma demo-tape, apenas para verem o projecto cessar actividades, durante 1995 com o regresso de Trummer ao seu país de origem. Contudo, Hugo Conim (ocupando-se agora das vozes, guitarras eléctrica e acústica, teclados, samplers, baixo e percussão) decide reactivar, em 1998, o colectivo. Para tal, convida Miguel Cabrita (vozes, samplers, teclados e programações). Embora se mantivessem notórias as referências industriais, as composições passaram a envergar uma toada militarista, com tonalidades neo-clássicas. Em simultâneo, os textos passam a descrever cenários das I e II Guerras Mundiais. O recurso a teclados e samplers torna-se uma constante. Tudo isto concorreu para que os mentores do projecto sentissem necessidade de dar outro nome à banda, surgindo, nesse contexto, os Kurz ("Curto"). Os primeiros tempos da banda mostram-se prolíficos em trabalho. Ainda em 1998 gravam uma primeira demo e no ano seguite editam, em formato CD-R o seu primeiro longa duração, voltando a gravar nova maquete em 2000. Esta trilogia de edições expõe, de facto, os seus novos objectivos e características: sons lúgubres, ritmos marciais e ambiencias neo-clássicas, não andando longe de algumas composições de Death In June, Blood Axis ou Der Blutharsch, mas sempre mais sombrios. Em 2002, e pelas mãos da Conflict Distillary, é editado um 7"Single em vinil, registo esse que, limitado a 200 cópias, marcará um importante passo para o projecto. Tendo, os dois temas que o compoem, sido retirados da sua terceira demo, lançada no ano anterior, demonstram a progressão sonora do colectivo, acrescentando-lhe nuances hipnóticas por entre vivos quadros de melopeias repetitivas. Algum silêncio caiu sobre o grupo após este lançamento, embora a banda não tenha cessado a sua existência. Durante o período que decorreu entre a edição do single e o ano de 2009, Conim dedicar-se-á a uma multitude de outros projectos que mantinha ou ajudará entretanto a criar: Dawnrider, Savage City Outlaws, The Sadists, Clockwork Boys, Scum City Rockers, Leather, etc, etc). Em 2009, é editada, via Universal Tongue, uma compilação, em formato 3"CD, reunindo temas das maquetes e outros, gravados entre 1994 e 2004, mas, desta feita, já sob o nome de Kurz Konflikt. Possuindo mais material original, ainda por editar, o grupo está à procura de um selo que se interesse em torná-lo disponível ao público. [Paulo Martins]

DISCOGRAFIA

 
TRIUMPH OF FAITH [7"Single, Conflict Distillery, 2001]

 
TRIUMPH OF FAITH [Picture 7"Single, Conflict Distillery, 2001]


1994-2004 TEN YEARS OF DECAY [3"CD, Universal Tongue, 2009]