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terça-feira, 4 de julho de 2017

IBÉRICO

O Ibérico foi um fanzine que marcou uma nova era, que passou a ser marcada pela abertura, em termos informativos, a novas sonoridades. Elaborado por um corpo de jovens ligados à Rádio Universitário do Tejo, em Lisboa, e que mais tarde passaria a colaborar em publicações mais institucionalizadas, editou - conjuntamente com o seu terceiro e último número -, uma compilação em formato cassete com bandas que, na altura, semi-desconhecidas, passariam a ter alguma divulgação em Portugal. Outros fanzines surgiriam por essa altura, todos ainda elaborados com parcos meios, mas que demonstravam que algo estava a fervilhar nesses inícios da década de 90. Seria fastidioso expor aqui todos os seus títulos, não apenas porque se dedicaram a tipos de música muito diversificados, mas também pelo facto da sua qualidade ser muito irregular. O Tosse Convulsa, marcadamente punk-rock, surgira uns anos antes, no Porto. O Portuga e o Encanto Lusitano dedicavam-se em exclusivo à divulgação da então chamada Música Moderna Portuguesa e estarão na génese da revista Ritual. O Zimmerit e o Statik eram elaborados pelo mesmo autor e dedicavam-se às novas correntes musicais que despertavam, nomeadamente às áreas do industrial e electrónica-experimental. Finalmente o Atonal estava vinculado à editora SPH que chegou a lançar material muito interessante, num catálogo extenso, dissonante e desequilibrado. Mais houve, também importantes e até mais consistentes e com maior longevidade, que terão direito a ficha isolada no futuro (Die Neue Sonne, Peresgótika, Cadáver Esquisito, por exemplo). Todos, à sua medida, fizeram história.