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terça-feira, 18 de julho de 2017

ZZZZZZZZZZZZZZZZZP!

Nascidos no Porto e inicialmente constituídos por José Moura Barbosa, Manuel A. Dias , Miguel Carvalhais e Miguel Sá, os Zzzzzzzzzzzzzzzzzp! (designação reirada de uma faixa dos Lights In a Fat City) surgiram como sequência lógica de relacionamentos cruzados iniciados a partir de 1991 entre os seus quatro mentores. Como assertivamente escreveu Rui Eduardo Paes no seu livro "Cyber-Parker" (Hugin, 1999), "vindos da família pós-industrial da electrónica, os Zzzzzzzzzzzzzzzzzp! diluíram essa caracterização original com as tendências da década de 90, designadamente as do ambientalismo, da techno e do drum'n'bass, revistos por uma atitude inconformista, especialmente atenta à criação de inesperados sons e estruturas". Encontram-se ainda nos seus trabalhos - sobretudo nas composições da fase inicial -, piscadelas de olho à electroacústica e ao concretismo, tendências muito em voga na segunda metade dos anos 90 e baseadas em composições assentes em camadas sonoras polvilhadas de pulsações cardíacas e em emissões captadas no éter radiofónico. Não sendo constituído por músicos na concepção clássica do termo, o trabalho dos Zzzzzzzzzzzzzzzzzp! é essencialmente colectivo, não se distinguindo onde começa e termina a intervenção de cada um dos seus membros. A história do projecto poderá ser dividida em duas fases distintas. A fase inicial - de 1991 a 1994 -, poder-se-á caracterizar por uma sonoridade que vagueava entre o free jazz e a música industrial. Neste período o grupo manteve-se bastante activo em termos de apresentações ao vivo e na participação em compilações editadas em formato cassete por vários selos independentes. A música era criada com base em maquinaria, cassetes pré-gravadas e em percussões acústicas. O grupo chegou a preparar a edição de um disco que inclusivamente esteve em fase de misturas mas o facto de todos os instrumentos e bobinas da banda ter sido roubado, fez ruir esse esforço. Inicia-se então a segunda fase do projecto que, após o choque, decide adquirir novos instrumentos com outra capacidade, alargando-lhe os horizontes. Em 1997 voltam a compor e um ano depois estreiam-se discograficamente com "Ficta 003", curta duração editado pela Ananana e que remetia para sonoridades próximas de Aphex Twin ou Mouse On Mars. Após esta edição, o grupo reduz-se a Miguel Sá e Miguel Carvalhais, mantendo actividade até 2002 e lançando comercialmente mais dois trabalhos, de seu nome "Fb56 Urbanlab" - ainda pela Ananana - e "Disseminações" - pela austríaca Falsch. O projecto cessou actividades em 2002, com os seus membros a seguirem caminhos diferenciados: Miguel Carvalhais, dedicar-se-á, entre outros, aos @c e Wofbot; Miguel Sá desenvolverá a sua actividade em múltiplas áreas e projectos como Whit, Producers, Instantâneos, Mon(o)rqustra, Lumpen Trio ou o duo DJ Tra$h Converters.

DISCOGRAFIA

 
FICTA 003 [CD, Ananana, 1998]

 
FB56 URBANLAB [CD, Ananana, 2001]

DISSEMINAÇÕES [MP3, Falsch, 2001]

COMPILAÇÕES


CRUENTUS VOLUPTOS [Tape, Volúpia Tapes, 1994]

 
WAY OUT 02: NEW MUSIC FROM PORTUGAL [CD, Ananana, 1999]

 
PORTUGUESE ELECTR(O)DOMESTIC TRACKS 1.0 [CD, Variz, 2001]

 
METRÓMETRO [CD, Variz, 2002]

FALS.CH 02 [CD Single, Falsch, 2002]

PRESS
Ordenamento Geral do Caos, Jorge Manuel Lopes, Blitz nº 734 de 24-11-1998
Quarteto das Bermudas, Rui Eduardo Paes, Promúsica 47 de 12-2000
Apanhados na Rede, Jorge Manuel Lopes, Blitz nº 899 de 22-01-2002