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terça-feira, 18 de julho de 2017

U-NU

Os U Nu nasceram no final da década de 80, no Porto, constituindo-se como um dos mais estranhos projectos aparecidos na altura. Como escreveu, à data, o saudoso Fernando Magalhães, "a primeira conclusão que se extrai da audição de “A Nova Portugalidade” é de que estamos perante um grupo que recusa toda e qualquer norma ditada pelas leis de mercado". O grupo era consituido por Fernando Noronha (baixo), José João Cochofel (percussão, integrou também os Sequoia), Luis Serdoura (piano), Manuela Costa (piano, na ausência de Luis Serdoura), Ricardo Pereira (sintetizador), Viriato Moraes (sopros) e Vitorino Almeida Ventura (voz, textos). Faziam a música de que gostavam e nesse caminho deixaram semeadas múltiplas pistas para posterior desenvolvimento. As ideias explodiam em múltiplas direcções, podendo detectar-se, na música dos U-Nu, inúmeras pistas a trilhar. O grupo não se resumia à música, assumindo antes um carácter quase multimedia ou de arte total. Do título aos textos e à utilização de "instrumentos paródicos", como cornetas e peixinhos de plástico, passando pela própria construção dos temas, sentia-se que a ironia e a sátira ocupavam um lugar importante na estética do mesmo. No meio de ferroadas várias, que inclusive atingem a crítica musical, a chave talvez pudesse ser encontrada numa das várias leituras possíveis da designação "U-Nu" aplicada à "nova portugalidade". Percebia-se que todos os seus elementos haviam ouvido e assimilado muita boa música, quase toda ela afastada dos parâmetros comerciais: No Secrets In The Family ou Fred Frith, só para nomear alguns dos que eram citados pelos próprios U-Nu.

DISCOGRAFIA

 
A NOVA PORTUGALIDADE [CD, Numérica, 1994]

COMPILAÇÕES

 
POINT OF YUCCA 03 [CD, Yucca Tree Records, 2000]

PRESS
Peças Mirabolantes, Raquel Pinheiro, Blitz nº 526 de 29-11-1994
A Ver se a Gente se Entende, Pedro Gonçalves, Blitz nº 633 de 17-01-1995