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quarta-feira, 12 de julho de 2017

THE SYMPHONYX

O começo dos The SymphOnyx encontra as suas raízes profundas num projecto anterior, os Neo-Simphonyx. Formados em Guimarães, durante 1995, por Martinho Torres (guitarra, ex-Mata Qu’é Bicho, ex-Jack & The Feedback), Paulo Magalhães (guitarra), Carlos Torres (bateria, ex-Mata Qu’é Bicho, ex-Jack & The Feedback) e Carlos Mota (baixo, ex-Mata Qu’é Bicho, ex-Jack & The Feedback), pretendem reinterpretar, num contexto sinfónico e metálico, composições barrocas, clássicas, românticas e contemporâneas. Daí a escolha do nome, remetendo não só para as o tecnicismo e conceptualismo do rock sinfónico mas, e acima de tudo, para o paradigma das sinfonias e orquestrações dos géneros musicais geralmente enquadrados no conceito popular de música clássica, ao mesmo tempo que o prefixo "Neo" quer significar que é reinterpretado de uma forma nova, moderna e actual, absorvendo tradições do rock. Dado o conceito ser um pouco fora do habitual, experimentam alguma dificuldade em arranjar concertos, o que os fará, em 1996, convidar Carlos Barros (ex-The Darkness, Wanted, ex-Pay Day) para manager. Paralelamente, irão entrar, também, Carlos Martins (ex-The Darkness, Wanted e Pay Day), para técnico de som, e Fernando Jorge (ex-Pay Day), para as teclas. É esta formação alargada que irá trabalhar, nesse ano ainda, no único registo da banda, uma cassete homónima que incluirá três temas, todos eles reinterpretações de obras da música erudita. Começa, contudo, a sentir-se a necessidade de criar uma banda de formato mais "normal", de esquema assumidamente rock e que trabalhasse, maioritariamente, composições originais. Assim, o Barros é convidado a assumir as vocalizações de um novo projecto: The SymphOnyx. Não havendo grande mudança na terminologia escolhida, esta, contudo (e como tal é visível no grafismo) pretende reflectir um conceito diferente, embora também espelhe a continuidade e ligação entre os dois projectos (aliás, os The SymphOnyx continuarão a utilizar trechos clássicos nas suas músicas e a interpretar ao vivo algumas das reconstruções eruditas que tocavam enquanto Neo-Simphonyx). Assim, a ênfase dado a Onyx, estará relacionado, precisamente, com o carácter dessa pedra mágica e semipreciosa, cuja negritude de cor simbolizaria os estados de alma mais soturnos e uma poética sombria que bebia nas sombras do universo gótico. Cria-se, assim, uma sinfonia negra... Acolhendo um novo elemento, Diana (voz), começam a mostrar os resultados deste novo empreendimento, gravando o primeiro registo. Pensado, primeiramente, para ser editado em cassete, acabam por optar por torná-lo, também, numa edição em CD, facto pouco usal na altura, mais ainda se pensarmos que foi lançado em edição de autor! O EP, intitulado "Psico Fantasia", prova, de facto, que as suas raízes não foram abandonadas, sendo povoado por atmosferas medievas, modernas e contemporâneas, envolvidas em contornos metálicos e de rock sinfónico. Contudo, a apropriação de uma linguagem mais rock e, sobretudo, a tonalidade gótica omnipresente no jogo de vozes, nas linhas melódicas e nos textos que lhe imprimem o cunho filosófico, bem como no ambiente final que a conjugação de todos estes elementos cria, demonstra que, de facto, o projecto tinha evoluído com assaz rapidez e segurança num curto espaço de tempo. Contando ainda com a colaboração de dois violinistas e um violoncelista, o único senão neste registo prendeu-se com a produção, que os mostrou um pouco aquém das suas capacidades e potencialidades, tendo sido um pouco suavizado e polindo algumas arestas que deveriam ter permanecido mais agrestes. O registo consegue-lhes boas críticas um pouco por toda a imprensa (quer fanzines, quer jornais) e consegue arrecadar-lhes múltiplos concertos, em muitos dos quais o terceto de cordas os acompanha, tentando recriar o mais fielmente possível o som da banda. Nos anos seguintes dão dezenas de concertos, enquanto preparam o trabalho sucessor, “Utopia”, que verá a luz do dia só em 2000. Entretanto, a formação vê-se reduzida com a saída de Diana e de Paulo Magalhães, enquanto Fernando Jorge participa já apenas como convidado e não como elemento da banda em si. Editado, mais uma vez, a expensas próprias, o registo apresenta notórias diferenças relativamente ao anterior. Para começar, e talvez a mais importante, o disco foi objecto de uma melhor produção, aproximando o seu som mais daquele que praticavam ao vivo, mais do espírito que pretendiam transmitir. Mais ainda, exploram as potencialidades do samplers e electrónicas, o que permitirá ampliar as opções de arranjos e estruturas das canções. Talvez por isso, o disco apresente uma atmosfera mais densa e obscura, embora mantenha os elementos constitutivos que caracterizavam a sua sonoridade. De referir que, mais uma vez, terão a colaboração de dois violinistas, dois violoncelistas e dois violistas, bem como de Rodolfo Cardoso, que ficará encarregue das guitarras acústicas, das programações e da produção do CD. Entre os 4 temas que compõem o EP, há que referir a inclusão de "Sophia II", uma reconstrução de um favorito ao vivo, um verdadeiro hino obrigatório nos seus concertos. Seguem-se os tradicionais concertos de promoção, ao mesmo tempo que vão sendo contactados por várias editoras. Entretanto, um grande revés é vivido pela banda com a saída do Mota (em Dezembro de 2000), lugar que irá ser preenchido apenas por músicos convidados e nunca por um substituto definitivo. Apesar disso, decidem continuar com o projecto, agora reduzido, no seu núcleo duro, a apenas três elementos: Barros (voz), Martinho (guitarras) e Carlos (bateria), para além de Martins (técnico de som). Continuando com uma agenda preenchida, no tocante a concertos, metem-se, de novo, em estúdio, desta feita para gravar o seu primeira longa-duração, tendo, entretanto, assinado contrato com a Ethereal Sound Works, que lançará o disco em finais de 2005 (embora já estivesse pronto desde o ano anterior). Intitulado "Opus I: Limbu", pretendiam com esse título transmitir a ideia de um novo começo, de uma nova etapa, tendo fechado o ciclo anterior (ao vivo, aliás, a maior parte dos antigos temas vai sendo abandonada, inclusive "Sophia"). Anunciado pelo CD-Single "Winterfall" (que inclui o primeiro vídeo da banda), o álbum revela, de facto, algumas mudanças, constituindo, talvez, o mais gótico de todos os seus discos, havendo um reforço das componentes clássicas e neo-clássicas, ao mesmo tempo que as envolvências melódicas oscilam entre o romântico e o barroco, enquanto as líricas de Barros demonstram uma maturidade negra e pejada de uma tristeza suave, cantando tormentosas paixões com uma serenidade sóbria e consciente. A inclusão de vocalizações femininas (a cargo de Inês Sofia), na maior parte das faixas, dá um toque etéreo, e mesmo angelical às composições, contribuindo em muito para o ambiente geral que paira por todo o disco. Mais uma vez, irão contar, também, com a participação de um ensamble de cordas, dando uma componente mais orgânica e real à sonoridade, enquanto o baixo e programações ficarão a cargo de Daniel Cardoso, que também produzirá o disco. Surpreendentemente, o disco irá obter um grande sucesso no Canadá, entrando no top da Rádio Bizz, enquanto por cá passará praticamente desapercebido do grande público. Em Março do ano seguinte, outro grande revés é sofrido pela banda, com a saída de Barros, facto que leva a um reformular da banda. O seu lugar vai ser ocupado por João Guimarães (que já acompanhava a banda ao vivo como segundo guitarrista), passando a banda a ter, também, a colaboração do quarteto de cordas Sarasate, de Carla Ricardo (voz), José Lemos (guitarra) e Tiago Abreu (baixo). Estas mudanças, aliadas a algumas, e inevitáveis, transformações sonoras, levará a que o capítulo The SymphOnyx se encerre, emergindo, assim, os Neonírico. Constituídos em 2008, e tendo como formação a última do projecto anterior, vão gravar temas que já vinham experimentando ao vivo ainda nesses tempos, além de outras composições novas, editando, em 2009, via Ethereal Sound Works, o CD-Single "Angel Of Faith" e, logo a seguir, o álbum "Renaissance". Como é visível, tanto a escolha do nome do grupo (Neonírico = novo sonho), como a do álbum de estreia ("Renaissance"=renascimento), apontam para a nova direcção que o projecto pretende seguir, renascendo das cinzas da existência anterior e iniciando algo de novo. A sonoridade do CD, de facto, tem algumas características que o diferenciam dos anteriores trabalhos. Por um lado a voz tem um registo diferente, criando outras tonalidades e emoções. Paralelamente, o recurso às vocalizações femininas passam a ser constantes e não apenas dispersas, facto que cria outra dinâmica nas canções. Mais ainda, há o recurso a textos de autores fora da banda (Bocage e Baudelaire), integrados na imagética do grupo, ao mesmo tempo que o Inglês deixa de ser a única língua utilizada. A nível sonoro, há o recurso a uma maior multitude de instrumentos e a criação de paisagens que passam pelo cabaret-noir, enquanto o recurso a samplers e programações se alargou. Mais ainda, os arranjos vão ser partilhados entre Martinho e Abreu, criando uma teia mais complexa de soluções. No geral, as ambiências continuam a expressar o negrume da alma e a paixão do impossível, partindo de um ponto de vista novo, mas sempre com o passado na mira. [Paulo Martins]

DISCOGRAFIA


NEO SIMPHONYX [Tape, Edição de Autor, 1996]

 
PSICO FANTASIA [CD, Edição de Autor, 1997]

 
UTOPIA [CD Single, Edição de Autor, 2000]

 
WINTERFALL [CD Single, Ethereal Soundworks, 2005]

 
OPUS 1 LIMBU [CD, Ethereal Soundworks, 2005]

 
ONE LAST DANCE [MP3, Ethereal Soundworks, 2010]

COMPILAÇÕES

 
PROMÚSICA 14 [CD, Promúsica, 1998]

 
PROMÚSICA 23 [CD, Promúsica, 1998]

 
PROMÚSICA 45 [CD, Promúsica, 2000]

 
BANDAS DE GARAGEM 2001 [CD, Farol Música, 2001]

 
CÍRCULO DE FOGO 02: RITUAL [MP3, Círculo de Fogo, 2007]


SEVEN [DVD, Ethereal Sound Works, 2012]

 
SEVEN [CD, Ethereal Sound Works, 2012]

PRESS
Destaques, Promúsica 14 de 02-1998
Perpetuar o Rock Sinfónico, Filipe Pedro, Raio X nº 7 de 21-07-1998
The Symphonyx, Promúsica 45 de 10-2000