Páginas

quinta-feira, 13 de julho de 2017

THE RIPPERS

Formados em Dezembro de 2006 em Castelo Branco, os The Rippers irão, desde cedo, incendiar o panorama musical albicastrense e espalhar os ecos dos seus feitos um pouco por todo o país e, inclusive, pela Inglaterra. Sendo constituídos, na sua fase embrionária, por Francisco (voz, harmónica) e Pedro Pinto (guitarra), vão agregar à jovem formação António (baixo) e Diogo (numa segunda guitarra), entrando, mais tarde Tiago (bateria), que tinha sido elemento de uma outra incipiente banda da cidade. Logo, no mês de Maio, conseguem o seu primeiro concerto, partilhando o cartaz com outra banda local, os Hepatite P, demonstrando já o seu potencial, tendo constituido um marco para a cena musical local que, com isto, ganha credibilidade e se expande. Durante cerca de uma ano, trabalham na composição de temas tendo sempre, como pano de fundo, a energia visceral do punk, dando concertos cujas performances, aos poucos, lhes granjeam uma reputação selvagem e meio caótica. Este ambiente, contudo, levará à emergência de tensões internas e ao desinteresse por parte de Pedro, que acaba por se afastar do projecto ainda em 2007. Este aparente revés não se repercutirá no espírito da banda pois, após algumas horas depois da dissidência do anterior membro do grupo, encontrará um substituto (Nuno) para o seu lugar. Será esta formação que manterão até ao termo das suas actividades. É ainda durante esse ano que o projecto gravará, em Coimbra, a sua primeira demo. Contendo quatro temas, apresenta-se embebida de energia da escola punk de 76/77, ao mesmo tempo que referências ao garage se afirmam como postulados do som que pretendiam construir. Deste registo, será retirado o primeiro single da banda, incluindo dois dos temas gravados: "Blow My Head" e "Jack The Ripper", lançado em edição de autor e em estilo DIY. Aproveitando esse cartão de visita, conseguem angariar mais concertos, tornando-se lendárias as suas orgias de alcool, rebeldia e anarquia em palco. Voltando a estúdio, durante o ano de 2009, registam, novamente em Coimbra, uma nova demo, desta feita com cinco composições. Reafirmando a sua postura jájá vincada no anterior trabalho, a gravação apresenta uma evolução na linha sonora do grupo que chega a recorrer aos blues tortuosos de uns The Birthday Party ou Jon Spencer e a algum pós punk de cariz mais tribalista, ao mesmo tempo que injecta uma boa dose de psychobilly. O EP decorrente dessa sessão, intitulado "CB Problem", irá incluir a totalidade dos temas produzidos, ao mesmo tempo que constituirá o último trabalho do grupo que, no Verão desse ano, vê a sua linha da vida cortada. Por editar ficará, porém, um concerto gravado em Portalegre, registo importante uma vez que era no palco que a alma da banda se transmutava realmente, perdendo os refinamentos da civilização e criando uma atmosfera de autêntica selva urbana. Mesmo assim, ainda antes do último estertor da banda se dar e graças ao apoio de Vítor Torpedo (ex-The Parkinsons, Tédio Boys, 77, Blood Safari), conseguirão duas datas em Londres, a 25 e 26 de Abril (respectivamente no 12 Bar Club e no Corn Rocket Club), concertos esses que serão seminais para a consolidação da sua reputação. Apesar disto, desavenças internas irreconciliáveis levarão a que o fim fosse inevitável, e, após um último concerto a 25 de Agosto ocorrido na cidade que os viu surgir, a separação ocorre, reflectindo o desgaste e as tensões que durante três anos se foram acumulando. Francisco decide, então, emigrar para Inglaterra, tendo actualmente planos para um regresso com um novo projecto. [Paulo Martins]

DISCOGRAFIA

 
BLOW MY HEAD [CDR, Edição de Autor, 2007]

 
CB PROBLEM [CDR, Edição de Autor, 2009]