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sexta-feira, 14 de julho de 2017

SUPEREGO

Superego, s.m. sistema funcional da personalidade estruturado a partir da identificação infantil do indivíduo com as motivações morais recebidas da família e da sociedade; instância do aparelho psíquico humano que defende o ego contra as pulsões primitivas; (fig.) consciência moral; trio; ideal do ego; (mús.) canção subversiva; insuficiência técnica; ambição corporativa. Os Superego surgiram em Aveiro na primeira metade dos anos 90, em formato “power-trio” constituído por Jorge Cruz (voz, guitarra), Alexandre Mano (baixo) e Leandro Silva (bateria). Jorge Cruz e Alexandre Mano tinham passado um par de anos pela banda Os Últimos Dias, antes de formarem os Superego. Em meados da década de 90, uma parte significativa da moderna música que se fazia em Portugal era cantada em inglês e o movimento grunge era determinante para diversas bandas. A contracorrente, os Superego cantavam em português e absorviam influências de gente como Sérgio Godinho, Fausto, José Mário Branco e Jorge Palma, mas com um espírito rock devedor do grunge, tudo envolvido num tom muito confessional e tempestuoso (João Gilberto e Will Oldham são referências importantes). No panorama nacional, os Ornatos Violeta eram a única banda com a qual os Superego se identificavam. Em 1996 editam uma cassete caseira intitulada "Baixa Fidelidade", incluindo oito temas gravados a solo por Joca (assim se apresentava Jorge Cruz na altura). A referida gravação incluia as faixas "Canção", "Exausto", "Cheiro de Tarde Quente", "De Blitz", "Um de Nós", "De Manhã", "Podes Entrar" e "Os Ogarapus". Em 1998, após vários anos a tocar em bares e em semanas académicas, com algumas maquetas e compilações publicadas pelo caminho, gravam o disco de estreia "Quem Concebeu o Mundo Não Lia Romances" pelo seu selo editorial – Murmúrio, Música Independente. Entretanto, a banda sofre alguma instabilidade com a saída do baixista, o que leva Jorge Cruz a amadurecer a ideia de lançar um trabalho a solo, que se materializa sob a designação de O Pequeno Aquiles. Após uma breve ausência, Alexandre Mano recomeça a tocar nos Superego, seguindo-se a gravação do segundo álbum “A Lenda da Irresponsabilidade do Poeta”, editado pela Metrodiscos em 2000. No livreto do disco publicam um manifesto sarcástico-radical onde fazem a apologia da música escrita em português, vituperam a lógica liberal/capitalista, a tecnologia e a mercantilização da música, defendendo intransigentemente a sua independência. A crítica especializada fica aturdida e desconfortável perante os títulos pomposos dos discos, com a sonoridade esparsa, esquelética, sem grandes primores técnicos e sem refrões orelhudos. Os Superego realizam diversos concertos, chegando a abrir para Sérgio Godinho e Jorge Palma. Simbolicamente, terminam a sua história a 11 de Setembro de 2001. Após este desfecho, segue-se a Fanfarra Superego, onde ao pop/rock lo-fi cantado em português acrescentam diversos elementos sonoros mais tradicionais. Chegam a entrar em estúdio em 2003 para gravarem o registo de estreia, mas devido a diversos factores a coisa não funciona e a formação dissolve-se definitivamente. Jorge Cruz segue um percurso a solo com dois registos já publicados em nome próprio e participa nos Diabo na Cruz. Alexandre Mano, colaborou no primeiro disco de Jorge Cruz e tem andado envolvido em bandas como os Housanbass, Gajos Baixos e mano. [Erradiador]

DISCOGRAFIA

 
QUEM CONCEBEU O MUNDO NÃO LIA ROMANCES [CD, Murmúrio, 1998]

 
A LENDA DA IRRESPONSABILIDADE DO POETA [CD, Metrodiscos, 2000]

COMPILAÇÕES

 
PORTUGAL REBELDE 02 [CD, Titânica, 1996]

DDSDO VAI AO CAMPO EM PAREDES DE COURA [3xTape, DDSDO, 1997]
GOING GENIUS 02 [Tape, Plaguer Recordings, 1997]

 
INTERFERÊNCIAS [CD, Gerador, 1999]

 
NATIONAL SAMPLER #1 [CD, Zona Música, 2001]

PRESS
Das Colinas Interiores, Jorge Manuel Lopes, Blitz nº 712 de 23-06-1998
A Música declamada enquanto Poesia, M.Guerreiro, Blitz nº 721 de 24-08-1998
O que está para Trás, Jorge Manuel Lopes, Blitz nº 796 de 01-02-2000
A Lenda da Responsabilidade de ser Português, RA, Blitz nº 857, 03-04-2001