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quarta-feira, 12 de julho de 2017

RESTOS MORTAIS DE ISABEL

Os Restos Mortais de Isabel nasceram, acima de tudo, da necessidade que os seus elementos fundadores - António, Paulo Martins e Tó - sentiram em dar continuidade às suas aspirações musicais logo após o término dos Anomeos, em meados de 1989. A formação já vinha dessa mesma banda, pois na última fase dos Anomeos, Paulo Martins já havia passado para a bateria (tendo António e Tó mantido as suas anteriores funções), além de que a progressão sonora decorria da evolução natural dos mesmos. Nos ensaios, tanto Paulo como António alternavam no baixo até que, algum tempo depois, se dá a entrada no grupo de Aníbal, para cumprir essa função. Um par de meses após a sua formação gravam a sua primeira demo-tape, com dois temas. É esse registo que lhes granjeia a actuação no festival Movimento Jovem II, realizado no Outono desse ano. Foi um momento de alguma estranheza para o público, quando viram Paulo Martins actuar, tocando, em dois dos temas do set, numa botija de gáz: Restos Mortais (que servia de intro e era o repescar de parte de um tema dos Anomeos, o Vontade) e Isabel. De referir ainda que o concerto foi encerrado com o tema "Overdose (de Cerelac)", música dos Anomeos e que constituía uma espécie de tema emblemático da banda. Porém, a irregularidade de ensaios ocorrida após esse concerto leva a que, durante 1990, poucos temas tenham sido criados, havendo registo de que apenas um, "Astronauta Vermelho", tenha sido concluído, embora nunca tenha sido registado. No final do Verão desse ano, o projecto é novamente convidado para actuar no Movimento Jovem III, estando prevista a sua actuação em conjunto com os Rua do Gin. Contudo, as condições atmosféricas impedem a relização desse evento. Isso não impediu que, pouco tempo depois, a banda grave a sua segunda demo intitulada "Para Além de Deus, de Deuses e do Destino", no local de ensaio dos Mata Qu'é Bicho (grupo de onde sairiam os fundadores dos The SymphOnix, actuais Neonírico), tendo, para tal sido convidado Formiga (Ant) para tocar baixo, uma vez que, nessa altura, tal foi impossível para Aníbal. Este foi o último suspiro da banda, que dá por encerradas as suas actividades nos inícios de 1991. Mesmo assim, e durante esse ano, a maquete é editada, a título póstumo, na Alemanha, via Urban Records, recebendo alguma críticas posítivas. Tendo cada elemento seguido diferentes projectos musicais, surgiu, em 1999, a ideia dos seus membros se reunirem novamente. Verificaram-se, porém, algumas alterações: António permanecia na guitarra, mas Tó, para além das vocalizações, tocaria baixo e Paulo passaria para a segunda guitarra, sendo a secção rítmica completada com uma caixa-de-ritmos. A ideia era não só pegar nos antigos temas da banda como criar outros novos. Mas ficou-se praticamente por aí. Paralelamente, já em 2000, foi reeditada a maquete de 1990. Apesar deste novo fôlego, as coisas foram-se arrastando, sem grandes resultados práticos, tendo Tó, inclusive, abandonado o projecto, o que levou a que os membros restantes tivessem convidado o baixista Pedro Fonte (ex-Defuntos, ex-Ritual Profano), enquanto Paulo também se ocupava das vozes. Não tardará até que este capítulo seja definitivamente encerrado, dando-se início aos Kali Ashti (que são, actualmente, conhecidos como Archétypo 120), mas isso é uma outra história...

DISCOGRAFIA


MORIBUNDO [Tape, Edição de Autor, 1989]


PARA ALÉM DE DEUS, DE DEUSES E DO DESTINO [Tape, Avatar 666, 1990]


PARA ALÉM DE DEUS, DE DEUSES E DO DESTINO [Tape, Avatar 666, 2000]