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terça-feira, 11 de julho de 2017

PHANTOM VISION

Os inícios dos Phantom Vision podem ser encontrados nos idos de 1990, mais concretamente nos Art Of Dark. Constituiam este projecto Pedro Morcego (voz, ex-Coyotes), Pierre Dumond (guitarra), Fernando Ramalho (guitarra), Diogo Duarte (baixo) e Paulo Sérgio (bateria). Algumas gravações de ensaios e uma demo intitulada "X-Ray Kisses" serão o legado destas raízes profundas dos Phantom Vision. O som, nitidamente reminiscente do pós-punk, com algumas pinceladas mais hard - embora embrionárias -, demonstra já as capacidades vocais de Morcego, enquanto as atmosferas anunciam já a soturnidade e negritude sonora do porvir. Esta formação irá manter-se até 1996, altura em que o Diogo e o Paulo abandonam a formação, ficando o grupo reduzido a um trio. A isto, alia-se uma mudança e evolução sonora, ao mesmo tempo que há mudanças na estrutura interna. Assim, Pedro Morcego passa a assegurar o baixo e programações rítmicas, para além das vocalizações, enquanto Dumond passa para os teclados, mantendo-se Fernando Ramalho nas guitarras. Todos estes factores concorreram para que se sentisse a necessidade de dar um novo âmbito ao projecto, bem como uma nova nomenclatura, surgindo, assim, os Electric Wet Dreams. Entre 1996 e 2000, a banda irá dar dezenas de concertos e gravar duas demos, nas quais sobressaí a sua peculiar visão de mistura entre electrónica e guitarras, sendo o seu som mais arrojado e claustrofóbico, ao mesmo tempo que a introdução de elementos dançáveis contribui para uma atualização sonora às correntes contemporâneas da cena underground. Todos estes factores se conjugarão para os tornar numa banda de culto no circuito alternativo português e, inclusive, internacional. A sua sonoridade, evocante de, por exemplo, uns Nösferätu ou Suspiria, vai chamar as atenções de Trevor Bramford, o mentor da Nightbreed Records. Entretanto - e antes disso -, verificar-se-ão mudanças na composição do line up do grupo sendo que, da formação original, permanecerá apenas Pedro Morcego. è então que passam a integrar o projecto, David Reis (guitarras, teclados, ex-Trauma, Manifestus) e Nuno Soares (baixo, ex-A Kausa e Vodka Pedra), mantendo-se Pedro Morcego na voz e programações. É com esta formação que se dará início ao capítulo Phantom Vision e se irá gravar o primeiro trabalho em suporte digital, o álbum “Nocturnal Frequencies”. Derivando de uma imposição editorial ocorrida em Maio de 2000, a mudança de nome do grupo coincide com uma actuação no International Hall of Dreams Festival, no Porto, ao lado de nomes como Judith, Garden of Delight, Midnight Configuration, Mysterium ou Hospital Psiquiátrico, entre outros. O álbum, lançado em Dezembro, embora apresente fortes reminiscências do trabalho anteriormente desenvolvido, apresenta a banda com uma sonoridade mais vincada e própria, constituindo mais um passo na evolução do conceito que lhes estava subjacente. Atingindo o 15º posto na tabela alternativa alemã, é possuidor de uma energia muito forte onde, por entre os arranjos aveludados dos teclados e de uma electrónica que lha dá o toque da contemporaneidade, se pintam brilhantes linhas de guitarras, tecidas como a mais fina renda, enquanto a voz - por vezes arrastada, por vezes lamuriosa -, completa o quadro com vivas cores de poesia catártica, embora ainda presa, aqui e ali, a certas nuances do rock gótico mais tradicionalista. Seguem-se os inevitáveis concertos de promoção. Num deles, realizado em Maio de 2001 no Coliseu do Porto e integrado no Festival Super Bock Super Rock, dar-se-á um insólito acontecimento. Estando prevista a sua actuação como banda suporte dos The Sisters of Mercy, verão tal acontecimento cancelado, uma vez que Andrew Eldricht se recusará a permitir a actuação de grupos pretensamente dark... Maio de 2002 vê o tema "Archfiend" incluído na compilação alemã "Dark Awakening II", editada pela COP International, anunciando já a futura mudança de casa editoral, assinando, em Setembro, contrato com esse selo. Entretanto, Pierre Dumond volta a ingressar o colectivo, assumindo os teclados e samplers. O primeiro resultado desse contrato, "Traces of Solitude", é editado em Abril de 2003. Considerado como um disco de transição, dado revelar a evolução do grupo durante os dois anos anteriores, avança um pouco mais na exploração das sonoridades que os distinguiriam com um lugar muito próprio no meio musical independente. O ano de 2004 vai trazer grandes surpresas. Primeiro, dá-se a gravação, logo em Fevereiro, de um videoclip para o tema “Strange Attraction”, anunciando o novo trabalho. Depois, a criação do primeiro fansite da banda, na Rússia, provando a sua ascensão um pouco por todo o lado. Por fim, a edição, em Junho, do álbum “Calling The Fiends”. Considerado pela revista Zillo como o disco do mês, o disco revela-se, de facto, uma excelente surpresa. Paralelamente a uma maior coesão sonora, demonstra um muito maior à vontade na sua escrita, ao qual não será alheio o facto de ter sido gravado nos próprios Batcave Studios, na Amadora. Recheado de temas fortes e possuidores de uma grande energia, conta com um novo elemento, André Joaquim (Dr. Frankenstein, Capitão Fantasma, The Texabilly Rockets), no baixo e teclados. Contudo, as surpresas não param por aqui! Em 2005, a Paramount Pictures adquire os direitos de utilização do tema "The Darkest Skies" que utiliza no episódio 13 da série "Navy NCIS". Em simultâneo, a faixa "Ancient Dream" é incluída na compilação “Radio Free Abattoir”. Em Abril de 2006 sai, finalmente o álbum “Instinct”. Cortando o paradigma de que apenas os primeiros trabalhos de um grupo são os seus melhores, o registo ultrapassa esse estigma e apresenta um novo leque de excelentes canções. Por tal, não é de estranhar a sua entrada directa para o top 10 alternativo alemão, exemplo seguido por Portugal, em Novembro, onde alcança a sétima posição da tabela! Já sem David Reis e tendo André Joaquim passado para as guitarras, o disco apresenta um som mais expandido e personalizado, com a voz a soar mais natural e distante de clichés, mantendo, mesmo assim, os elementos característicos da sua sonoridade e que têm vindo a refinar ao longo dos tempos. Enquanto se espera por um sucessor, os Phantom Vision têm tocado um pouco por todo o lado, incluído Espanha, Suiça e Itália, tendo sido unanimemente considerados como a melhor banda do Drop Dead Festival 2008, ocorrido em Lisboa, no qual já apresentaram um original, pleno de energia e instinto visceral, que será incluído no novo trabalho. [Paulo Martins]

DISCOGRAFIA

 
NOCTURNAL FREQUENCIES [CD, Nightbreed, 2000]

 
TRACES OF SOLITUDE [CD, Cop International, 2002]

 
CALLING THE FIENDS [CD, Cop International, 2004]

 
INSTINCT [CD, Cop International, 2006]

COMPILAÇÕES

 
THISOBIDIENCE [CD, Thisco, 2002]

 
ROCK SOUND 07 [CD, Rock Sound, 2003]

 
DIVERGÊNCIAS.COM [CD, Independent Records, 2004]

 
METROPOLIS 79-89 [CD, Raging Planet, 2009]

 
INDIEGENTE 15 ANOS [2xLP, Raging Planet, 2012]

PRESS
Visões Nocturnas, Dora Carvalhas, Rock Sound nº 7, 05-2003
Instinto de Perseverança, Joaquim Pedro, Underworld nº19, 04-2006