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sexta-feira, 14 de julho de 2017

OKTOBER BLACK

Concebido em 1997 como um projecto a solo, Oktober Black resultou do concretizar de várias ideias e da recolha de criações dispersas por parte do seu mentor, Paulo Martins, após o término do seu envolvimento com outros grupos e conceitos. As suas pedras basilares, contudo, remontam à formação de um outro grupo, os Outubro Negro, durante o Verão de 1991. Além dele (nas guitarras acústica, clássica e eléctrica, textos/letras, voz, rababa, baixo e percussões, ex-Pop Trolha, Anomeos e Restos Mortais de Isabel), estes incluíam João Madureira (guitarra acústica e clássica e baixo, ex-Os Sobrinhos do Tio Nelson), desenvolvendo um universo musical entre o dark folk, o pós-punk, a música clássica e a tradicional. 1992 testemunha a expansão do grupo, com a adição de um outro músico, Eduardo Silva (dos Alliallatas, banda conterrânea onde, na altura, Paulo Martins tocava bateria), também para as guitarras (acústica, clássica e eléctrica) e baixo, ampliando-se, assim, as possibilidades musicais do grupo e os contornos da sua sonoridade. É nesse mesmo contexto que, no ano seguinte, se convida Carla Ribeiro para exercer as funções de vocalista. No entanto, e por essa altura, os Outubro Negro funcionavam mais como um projecto paralelo que outra coisa, dado que tanto Paulo Martins como Eduardo Silva estavam envolvidos tanto numa série de outras bandas - mormente As Flores da Náusea e os Tenebre & Delirio (que gravaram demos "oficiais" e deram alguns concertos -, como noutros grupos embrionários como os Complexus Narcisus ou os "one-off" Death By Drowning. Tudo isso, aliado à perda de interesse demonstrada pelos outros elementos, levou à dissolução da banda nos inícios de 1994, pouco tempo após a saída de Eduardo. Porém, no seu epitáfio, estão inscritas cerca de meia centena de composições registadas em demos caseiras e outros tantos esboços de canções ainda por colorir. Entretanto, Paulo continuou a tocar noutros colectivos como os Joana Dark e Dalila Noire. Simultaneamente dava início à sua primeira andança a solo, baptizada de The Death of Me, que registará, artesanalmente, uma vintena de temas. O fim abrupto dos Dalila Noire (devido à morte trágica de Fred, um dos seus elementos vitais) ocorrido na Primavera de 1995 e a dissolução dos Joana Dark, registada também em finais desse ano, levou ao seu envolvimento com outra banda, os Gods’ Last Wish, embora já numa fase terminal. O fim destes levou à criação de dois núcleos distintos: os Spiral Rain Dance e os At Twilight. Pressentindo, porém, a falta de interesse dos elementos de ambos os projetos, Paulo Martins aceitou, no Outono de 1997, o convite para tocar baixo numa outra banda, os Uzi. Paralelamente, conceptualizou e deu forma e corpo aos Oktober Black, que iriam abarcar todas as composições que havia criado quer para os Outubro Negro, quer para os projectos Dalila Noire, The Death of Me, Spiral Rain Dance ou At Twilight, assim como várias novas canções em que se encontrava a trabalhar na altura. Contudo, os Oktober Black tiveram que ficar em suspenso uma vez que, na Primavera de 1998, Paulo aceitou o convite que lhe foi feito para tocar com os Sangre Cavallum, colaborando na sua primeira edição oficial, a cassette "Alborada do Douro", bem como nas actuações ao vivo na primeira passagem dos Blood Axis por Portugal (por Sintra e Guimarães, mais concretamente). Foi só após o termo da sua participação no grupo - que se estendeu até finais desse ano - que o músico se decidiu, finalmente, a avançar com esse seu recente desígnio. Durante o primeiro semestre do ano seguinte, foi elaborada uma espécie de compilação das demos caseiras, incluíndo várias composições dos projectos acima mencionados, bem como uma nova, editada numa série extremamente limitada a apenas seis cópias. Intitulada "The Myth of the 21st Century", esta edição incluía canções de Dalila Noire ("Homage"), Outubro Negro ("Hate Everyone Who's Happy" e "Tired Eyes") e The Death of Me ("And I Keep", "Take Me", "Denying" e "Lovers’ Art"), bem como um título novo, "Faraway (Take Me)", todos revelando uma abordagem dark folk, com a excepção de "Hate Everyone Who's Happy ", mais na veia de uns Joy of Life. No entanto, e devido à má qualidade sonora das gravações, não foram editadas mais cópias. Pela mesma altura, mas mais para finais da Primavera, o projeto beneficiou da prestação de dois colaboradores, Francisco (nas guitarras e baixo) e André Pontes (na bateria e percussões), ambos membros integrantes da banda Blasting Oil. Apesar disso, e durante o Outono desse mesmo ano, Paulo efectuou a gravação, a solo, da segunda demo do projeto, intitulada "Black October", nos estúdios da, então, Reaping Host (que, pouco tempo depois, se tornaria na Reaping Horde). Tocando todos os instrumentos (com a ajuda de Johan Aernus - dos Karnnos e Wolfskin – que, para além de ter gravado e produzido o registo, colaborou com flauta, efeitos e samplers), procedeu à gravação de três novas faixas ("Ritual Dusk", "Vapour Trail of Your Dreams" e "Desert Wind" ) e à re-gravação de dois novos temas, já anteriormente lançados - "Faraway (Take Me)" e "Homage". Lançada ainda nesse ano, a cassette continuou o caminho apresentado no trabalho anterior, embora com uma melhor qualidade sonora, introduzindo, ao mesmo tempo, algumas características mais experimentais. Saindo numa edição de 20 exemplares, foi alvo de boas críticas em Espanha, Itália, Inglaterra e Alemanha, sendo re-editada em 2000, no formato CD-R, com capas e grafismos diferentes, estando disponível para quem o solicitasse. Entretanto, duas das canções de Oktober Black ("Ritual Dusk" e "Homage") foram incluídas na compilação da Reaping Horde "The Nemeth: A Collection of Songs Forjed by Ancient Shadows" (numa edição de apenas 50 exemplares). Paralelamente, o projeto deu a sua única performance ao vivo até à data, em conjunto com os Virtualma, na qual Paulo contou com as colaborações de Johan Aernus (samplers, efeitos), Pedro Fonte (guitarra electrica e acústica - ex-Defuntos, Ritual Profano) e Nuno Cruz (teclados, guitarras acústicas e baixo - ex-Angish, Long Lost Realm, Karnnos). Após isto, e ainda durante 2000, o projecto foi posto um pouco à parte, especialmente devido à criação de novos grupos como os Träume (com Nuno Cruz) e, mais tarde, em 2004, os Archétypo 120. Porém, a ideia de reactivar o projecto emergiu um par de vezes, a par de uma reedição mais profissional dos registos anteriores, mas apenas o tempo ditará o quando... [Paulo Martins]

DISCOGRAFIA

 
THE MYTH OF THE 21ST CENTURY [Tape, Avatar 666, 1999]


BLACK OCTOBER [Tape, Avatar 666/Reaping Host, 2000]

 
BLACK OCTOBER [CDR, Avatar 666/Reaping Host, 2008]

COMPILAÇÕES

   
THE NEMETH [CDR, Reaping Horde, 1999]