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sábado, 15 de julho de 2017

NOCTÍVAGUS

Os Noctívagus formaram-se em Almada, em finais de 1993. Paulo Jorge (bateria, ex-Lucifer Fere) e André Antunes (guitarra, ex-Lucifer Fere) pretendiam formar um novo projecto de raíz, convidando Lino Átila Cunha (ex-baixista dos Negro Jardim e que, na altura, se encontrava a desempenhar as funções de baixista e vocalista nos Mortaxe) para ingressar no colectivo, desempenhando as funções de vocalista e baixista. Este, por sua vez, irá convocar Carlos Soneca Lobo (para a segunda guitarra), verificando-se a entrada, pouco tempo depois, de Vítor Coita Jesus (ex-Atentado) para preencher o lugar de baixista, o que permitirá a Lino concentrar-se nos textos e vocalizações. Ainda sem nomenclatura definida, acabarão por optar pela designação de Noctívagus, buscando a inspiração para tal no fascínio pela noite, no seu imaginário, na sua magia e sombria poesia. Após meses de ensaios (que se irão realizar no sotão do Círculo Cultural de Setúbal), actuam pela primeira vez, no ano seguinte, na I Mostra de Bandas de Almada. Entretanto preparavam-se para entrar em estúdio. Destas sessões, sairão cinco temas, editados, em 1995, sob o título de “Almas Ocultas” (via Entulho Informativo/Zenith Records), de onde será retirada uma cassette-single promocional que incluía as faixas “Cria Vampira” e “Castelo da Morte”. Esse registo irá liderar as preferências da lista do programa Santos da Casa (de Nuno Ávila), emitido pela Rádio Universitária de Coimbra. Com uma sonoridade apelante do rock gótico, death rock e pós-punk, o trabalho apresenta composições coesas, coerentes e bem estruturadas, ao mesmo tempo que constituía um dos pouco registos do género a sair em Portugal. Durante 1996 actuam no Porto, no Bar Palha d’Aço, num concerto integrado no “Invoke the Dark Age – 2º Gothic Festival”, organizado pela Deathwake Society. Na sua companhia surgiam também os Martyrium (Porto) e Gods’ Last Wish (Guimarães). Paralelamente, a banda assistirá à inclusão dos dois temas da sua cassete promocional na compilação “Crime No Paraíso”, da Enochian Calls. Esse ano e o seguinte vêem os Noctívagus actuar um pouco por todo o país. Contudo, e no decorrer dessa tournée, Vítor abandona o grupo, sendo substituído, ainda durante 1997, por Filipe Von Geier. É já com esta nova formação que, durante 1998, é gravado e editado o segundo registo da banda, “Imenso”, pela Background Records. Contendo três temas, o trabalho apresenta características sonoras de continuidade dos temas anteriores. Em simulâneo, denota uma sonoridade mais metálica nas guitarras, nunca perdendo, no entanto, o seu som próprio e a ligação às raízes sonoras em que haviam emergido. Nesse ano ainda, tocam com os espanhois Gothic Sex, a primeira de uma série de bandas internacionais com quem irão actuar. Nos anos imediatamente seguintes continuarão a actuar, chegando mesmo a ser acompanhados num dos concertos de 2001 por Filipe Mendes, o famigerado Phil Mendrix. Problemas internos, contudo, impedem a banda de gravar quaisquer novos registos durante os cinco anos seguintes. O desgaste por estes provocado leva às inevitáveis remodelações internas, que provocarão, inclusive, a saida de André Antunes (que, actualmente, se encontra a trabalhar com os C4). Este período turbulento apenas terminará com a entrada de Paulo Dumonte (baixo), Alex Hellraiser (guitarra, ex-Blood Quest), Tempestade (guitarra) e Aixlander (bateria, ex-Off) que, por sua vez, será substituido por David “Frog” Pereira (ex-Blood Quest). Surge então em 2003, pelas mãos da Floyd Records, o aguardado novo disco. Intitulado “After the Curse”, o trabalho denota ainda mais os parâmetros que a banda vinha explorando desde a sua formação, introduzindo, também, algumas nuances electrónicas [a cargo de João Lima (actual membro dos Oquestrada) e Luís Olivença (dos Zoltar e The Witness)], mas sem nunca perder a linha que os norteava. Mais ainda, é filmado o primeiro vídeo-clip da banda, para o tema “Bad Dreams”, que consegue ter impacto em Portugal, colocando-se no topo das preferências da SIC Radical. Esse mesmo teledisco é, em 2004, incluído na compilação multi-média “Rock Sound” (juntamente com faixas audio de outras seis bandas portuguesas). Durante 2005, dá-se a saída de Hellraiser, que irá formar os Shall Shock e, posteriormente, ingressar nos Espelho Mau. É já sem ele que, ainda no decorrer desse ano, são convidados a participar numa outra compilação, desta feita um tributo aos Joy Division, organizada pela Tomb Factory, onde irão versionar o tema “Transmission”. Deste, é feita uma edição promocional pelo próprio grupo. Após a gravação desta faixa, verifica-se nova remodelação do grupo, entrando AZ para a bateria e Pedro Vieira para os teclados. Paralelamente, e por essa altura, Dumonte é convidado, a título temporário, para tocar baixo com os The Dead Poets, ao mesmo tempo que Lino se junta a David Reis (Phantom Vision, In Tempus), Nuno Soares (ex-A Kausa, Vodka Pedra, Phantom Vision) e o já referido Luís Olivença, constituindo o projecto The Manifesto, para, a pedido da Thisco Records, gravar três faixas. Estes factos não impedirão o grupo de prosseguir, dando vários concertos e partilhando cartazes com os Cruxshadows, Nösferätu e London After Midnight. Actuam também, em 2007, no festival “When The Spirits Awake”, realizado na Lituânia, após o qual o grupo se verá reduzido a Lino - mas contando com a colaboração de uma série de músicos convidados - e a Lady Miss Kill, que assegurava as programações e teclados. Em 2008, o tema “Last Night” é incluido na compilação “Crawling Tunes Magazine 4, Vol. 2”, editada pela revista alemã homónima. Em 2009, o grupo vê reconhecido o seu labor por Mick Mercer, que os refere no seu livro “Music To Die For”. Entretanto, dá-se uma nova reformulação do grupo, entrando Nuno d’Ávila (guitarra) e Fernando N. (baixo). É esta a formação que vai gravar, em 2010, o single “Pilgrim Dimension and Delírios da Luz”. Além de possuir arranjos de teclados mais presentes, o disco revela ainda uma nova sonoridade de guitarra, que, embora se não afaste muito do som construido pelos Noctívagus ao longo de uma quinzena de anos, tem um brilho muito próprio e acrescenta novas interpretações ao universo por eles criados. Ainda para Dezembro deste ano, está prevista a inclusão de uma faixa na compilação “Pray Silence Records Sampler, Vol. I”, ao lado de nomes como Attrition ou Two Witches, enquanto para 2011 já está confirmada a sua inclusão no nono volume da série de compilações da “Circo de Fogo”, a intitular de “Círculo de Fogo 9: Sinergia”. [Paulo Martins]

DISCOGRAFIA


ALMAS OCULTAS [Tape, Zenith Records, 1995]


IMENSO [CDR, Background Records, 1998]

 
AFTER THE CURSE [CD, Floyd Records, 2002]

 
TRANSMISSION [MP3, Tomb Factory, 2005]
PILGRIM DIMENSION AND DELÍRIOS DA LUZ [MP3, Edição de Autor, 2010]

 
ECOS NA NOITE [MP3, Edição de Autor, 2010]

COMPILAÇÕES


CRIME NO PARAÍSO [Tape, Enochian Call, 1996]

 
ROCK SOUND 15 [CD, Rock Sound, 2004]

 
CRAWLING TUNES MAGAZINE 04 [CD, Crawling Tunes, 2008]

 
CÍRCULO DE FOGO 09: SINERGIA [MP3, Círculo de Fogo, 2010]

PRESS
Morcegada em Três Actos, José Rodrigues, Blitz nº 731 de 03-11-1998
Os Vampiros Voltaram, Dora Carvalhas, Rock Sound nº 15 de 02-2004