No já distante ano de 1999, Bruno Duarte começa a compor e a gravar a solo as primeiras músicas sob a designação de München. Ao longo do tempo, muitos outros músicos vão-se agregando em torno deste conceito inicial, formando um colectivo de composição variável que pode ir dos quatro aos nove elementos. Entre o núcleo principal encontramos, além de Bruno Duarte, Mariana Ricardo, João Matos, Paulo Amorim e João Nicolau. A maioria destes elementos integrou ao longo dos anos noventa diversas bandas pop/rock/indie como os My Best Nose, Velveteen, Pinhead Society, Leeand Me, entre outras. De forma mais irregular, outros músicos colaboram com os München como André Ferreira, Nuno Morão, João Lobo, Manuel Lobo, Norberto Lobo, Nuno Pessoa, Fernando Ascensão, João Nuno e Pedro Magalhães. Às composições iniciais de Bruno Duarte vão-se juntando outras, construídas de forma mais colectiva. Realizam diversos concertos, com destaque para a participação no Festival Músicas do Mundo de Sines em 2004. Os München têm a particularidade de tocarem sempre sentados e utilizarem uma multiplicidade de instrumentos mais ou menos convencionais como o ukelele, o cavaquinho, viola de arco, kazoo, melódica, xilofone, guitarra de plástico, violino, percussão, bateria, e muitos outros. Em 2005, editam o seu primeiro registo em formato CD-EP integrado na série “Novos Talentos” da Fnac que é distribuído com o jornal Blitz. Neste mesmo ano, participam com um tema na compilação da Borland “Can Take You Anywhere You Want”. Segue-se em 2006, o primeiro CD “Fala Mongue” lançado em edição de autor. Ao longo dos 14 temas que compõem o disco, os München revisitam diversas fases da banda: há músicas só de Bruno Duarte; outras da autoria de Bruno Duarte, mas que foram desenvolvidas pelos outros elementos da banda; e outras ainda, que partindo de um elemento – Bruno Duarte, João Nicolau ou Mariana Ricardo – são compostas de uma forma mais colectiva. É difícil de discernir uma genealogia para os München no panorama nacional, pois sendo um dos grupos mais inventivos e originais da música feita em Portugal, estão longe da linhagem de uns Pop Dell’Arte ou Mler Ife Dada, na medida em que prescindem de vocalizações que assumam protagonismo. As composições dos München, sendo maioritariamente instrumentais aproximam-se mais dos universos musicais de um Pascal Comelade ou da excelente Pinguin Cafe Orchestra. O universo cinematográfico e a música para filmes também são familiares na geografia de referências dos München. Ainda em 2006, compõem a banda sonora para as curtas-metragens “Rapace” de João Nicolau e para “À Flor da Pele” realizada por Catarina Mourão. A sonoridade dos München vagueia livremente entre o experimentalismo, o jazz, o rock mais descarnado, a folk mais urbana, caixas de música avariadas, melodias infantis e até algum fado transviado. Tudo isto num registo acústico e aberto a novas contaminações e desafios como a surpreendente interpretação do popular tema brasileiro “Lambada” no concerto realizado em Outubro de 2007 no Cabaret Maxime em Lisboa. Em Maio de 2008, actuam no Teatro Maria Matos no âmbito do Monstra – Festival de Animação de Lisboa onde tocam ao vivo o acompanhamento sonoro de diversas curtas-metragens de animação produzidas pelos Estúdios Animais. Em Agosto de 2008, integram o cartaz do Festival Bons Sons realizado em Tomar. Ainda em 2008, os München são uma das bandas seleccionadas por JP Simões para se apresentarem no programa “Quilómetro Zero” exibido na RTP2. Em 2009, reincidem na composição de temas para a curta-metragem “Canção de Amor e Saúde” realizada por João Nicolau. Em 2010, surge finalmente o segundo longa duração intitulado “Chaquiego” com oito novos temas, novamente gravado em edição de autor. Ainda em 2010 compõem a música original para a primeira longa-metragem de João Nicolau “A Espada e a Rosa”. Por vontade própria ou devido à mais completa desatenção da maioria, os München permanecem, ao cabo de mais de uma década de existência, no mais completo anonimato. Esta situação é profundamente incompreensível, pois os München são autores de alguma da mais relevante, inventiva e desafiante música feita em Portugal. [Erradiador]
DISCOGRAFIA
MUNCHEN'05 [CD, FNAC, 2005]
FALA MONGUE [CD, Edição de Autor, 2006]
RAPACE [CD, O Som e a Fúria, 2006]
CANÇÃO DE AMOR E SAÚDE [CD, O Som e a Fúria, 2009]
CHAQUIEGO [CD, Edição de Autor, 2010]
COMPILAÇÕES
CAN TAKE YOU ANYWHERE YOU WANT [2xCD, Bor Land, 2005]
YOU ARE NOT STEALING BOR LAND [MP3, YANSR, 2006]
ACORDA! NOVA MÚSICA PORTUGUESA EM MP3 [CD, Cobra Records, 2006]
PRESS
A Formidável Liberdade, João Lisboa, Expresso, 07-2006
Identidades Trocadas, João Lisboa, Expresso, 30-10-2010
Caixinha de Música, Mário Lopes, Ípsilon, 24-12-2010
Este blogue é uma cópia (feita em boa hora) do extinto Under Review https://underrrreview.blogspot.com/
terça-feira, 18 de julho de 2017
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