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quarta-feira, 12 de julho de 2017

MOYAGHEN / NOYAGHEM

Projecto iniciado em Corroios corria o ano de 1994, teve, como base incipiente, o recurso apenas às guitarras. Não conseguindo encontrar um vocalista que os satisfizesse, ao mesmo tempo que procuravam uma definição para o caminho que pretendiam percorrer, e querendo rasgar os limites do espaço por onde se moviam, decidem, durante o ano seguinte, alterar a sua forma de compor, enveredando pelos samplers, teclados e percussões/programações rítmicas. É por esta altura que adoptam, também, o nome de Moyaghen, indo buscar o nome a uma adaptação do termo latino "Moycatur", designação ordinária para pénis. Constituíam o projecto, então, Paulo Tabuada (samplers, programações, guitarra e percussões), Pedro Terruta (voz e textos) e Pedro Vieira (teclados, programações, guitarra e percussões, ex-Gregório Fatal e Cegueira Nocturna). Contudo, ter-se-ia que esperar dois anos pelo resultado dos seus esforços conjuntos. É, então, durante os inícios de 1997 que editam aquela que constituirá a sua primeira demo, "Excutere Metum de Core", coincidindo, também, com as suas primeiras apresentações ao vivo. Com influências que vão desde os Schnitt Achtt, In Slaughter Natives, Nox, Laibach ou Ode Filípica, o trabalho revela-se, contudo, inovador, especialmente para um panorama português estagnado e perdido por entre os escombros pós-Grunge. Incluindo sete temas, o registo assume-se em padrões industriais, descontruindo sons e reagrupando harmonias, enquanto uma poesia agreste e sombria é vociferada por entre as veredas metronómicas de constructos rítmicos marciais e épicos. Vociferando a raiva e o desencanto, a revolta e os ódios enclausurados, e revendo-se em visões apocalípticas de uma guerra futura entre a máquina e o homem, assume tons quase proféticos, enquanto denuncia a insanidade divina da ciência potenciadora de um deus ex machina. Contudo, e logo após a sua edição, dá-se a saída de Terruta, levando tal a uma reorganização interna do projecto, passando ambos os remanescente elementos a assegurar as vozes e textos, ao mesmo tempo que passam a contar com a colaboração de Gonçalo Tabuada (teclados e percussões), mormente nos espectáculos ao vivo. O núcleo principal decidiu, então, assumir uma nova identidade, decorrente dessa nova realidade, surgindo assim, durante Março, o Verbo noyAghem pela troca da primeira pela última letra da palavra que anteriormente os identificava. Tais alterações não implicaram, contudo, grandes mudanças no substracto sonoro do colectivo, facto reafirmado pela reedição da demo já sob a sua nova epígrafe, embora a nível lírico e vocal, e pelas já referidas mudanças, se tenha verificado uma nova abordagem. Tendo sido convidados para criarem uma banda sonora para uma exposição de arquitectura, a realizar na Madeira, acabam, no entanto, por ver esse projecto gorado. Mesmo assim, embrenham-se na criação de novos temas, pensados para uma segunda demo, a sair em 1998, ao mesmo tempo que estabelecem uma colaboração com os Blood Quest, banda conterrânea de Black Metal, numa fusão das duas diferentes sonoridades. Tomando uma consciente opção de explorarem os mercados da Europa do Norte, onde conseguem uma melhor receptividade, não descuram, contudo, o seu trabalho por cá. Assim, em Novembro 1999, abrem, em conjunto com os The Love Craft, o primeiro concerto que os germânicos Diary of Dreams deram em Portugal, no Hard Club, ente outras actuações ao vivo. Apesar disso, e durante o ano de 2000, darão por findas as suas actividades. Mais tarde, Pedro Vieira reaparecerá com os projectos Eletrólise e Structura (este em conjunto com Pedro Terruta). [Paulo Martins]

DISCOGRAFIA

 
EXCUTERE METUM DE CORE [Tape, Edição de Autor, 1997]