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terça-feira, 11 de julho de 2017

JOHNNY JOHNNY

Álvaro Pilar teria tocado numa primeira banda, ainda durante o ano de 1977, mas o primeiro esboço dos Johnny Johnny, ainda sem nome fixo ou formação consistente, foi idealizado durante o decorrer de 1980, no Porto, por ele (na voz, baixo e piano) e Eduardo Mont’Alverne (guitarras). Estes, constituirão o núcleo duro que preserverá e dará consistência a algo de mais sério e coeso. Paralelamente, Álvaro tocará também com os Táxi (de quem era, também, técnico de estúdio), GNR ou Stick. Navegando, inicialmente, pela new wave, foram experimentando vários estilos musicais colaterais mercê, também, da inconstância da formação. Não obstante isso, gravam as primeiras maquetas e contactam várias editoras, mas sempre sem sorte. Cinco anos teriam que decorrer ainda até que, com a entrada de Miguel Pais (ex-membro dos saudosos Culto da Ira), para a bateria e percussões, o colectivo se estabilizasse e se assumisse como um grupo de facto. É por esta altura que Johnny Johhny (retirado do refrão da canção "Goodbye Lucille #1" dos Prefab Sprout - incluída no LP "Steve McQueen" - e editada em formato EP, durante o ano seguinte, com o título "Johnny Johnny") se impõe como nome da banda, tendo uma certa musicalidade que o torna apelativo e fácil de recordar. É então com essa formação que a banda se lança aos palcos e grava algumas maquetes. Durante 1987, conseguem assegurar diversas primeiras partes de concertos dos seus velhos conhecidos GNR numa altura em que o álbum “Psicopátria” estava no auge do sucesso. Não é pois de estranhar que captem as atenções da EMI-VC, editora da banda de Reininho, que já em 1988 lhes oferece contrato por um álbum. Este, editado ainda durante esse ano, vai ter a colaboração de, entre outros, Rui Reininho (letra de “Volto Já”), Rui Veloso (na guitarra e piano de “7 Cores”) ou Carlos Maria Trindade (sintetizadores em “1ºAmor” e “Johnny Johnny), bem como de letristas diversos. Assumindo-se como um disco rock, pincelado indelevelmente por uma paleta pop, o trabalho refelecte todas essas experiências passadas, bem como as suas grandes influências. Contudo, não consegue criar um grande impacto junto ao público (facto ao qual não é alheia a pouca promoção feita pela editora), acabando por não lhes dar o reconhecimento que almejavam. Mesmo assim, “Nove Sete Oito“ ou “Princesa”, revelam-se grandes temas, enquanto “3 Dias” tinha tudo para se tornar num descomprometido hit de verão. Tirando o tema “Volto Já” (o single promocional), que até teve alguma exposição radiofónica, o disco acaba por, imerecidamente, se perder no meio de um mercado povoado de grande canções cantadas em português (GNR, Xutos & Pontapés, Radar Kadafi, Ban...), levando a editora a não renovar a assinatura de um novo vínculo para um segundo trabalho. Embora ainda tivessem promovido o disco durante todo esse ano e o seguite, especialmente na zona norte do país, pouco tempo decorrerá até que dêem por findas as suas actividades, um pouco cansados da indiferença e ostracismo a que haviam sido votados. Tinham, porém, já um bom leque de novas músicas que iriam constituir um segundo trabalho. [Paulo Martins]

DISCOGRAFIA

 
JOHNNY JOHNNY [LP, EMI-VC, 1988]

PRESS
Johnny Johnny Be Good, David Pontes, Blitz nº192 de 05-07-1988 [CAPA]
O Rock que veio do Porto, Fernando Luís, LP nº 6 de 07-12-1988