Os Hospital Psiquiátrico nasceram em Ermesinde em 1988. Derivaram basicamente dos Esgoto Urbano que haviam sido criados em finais de 1986 e não passavam de um pastiche dos The Birthday Party. Neles militava Pedro Barros e Nuno Costa que suportaram o grupo até aos inícios de 1988, quando alteraram a designação para Esgoto Industrial, numa fase em que as influências eram já outras. Por essa altura já Nuno Costa abandonara o grupo, sendo este constituido pelo líder Pedro Barros, Nuno Barros e mais tarde Paulo Afonso. Foram uma das primeiras bandas a praticar, em Portugal, música industrial clássica, na linha dos Einsturzende Neubauten da sua primeira grande fase que, aliás, foram a sua grande inspiração. Distorção, rebarbadeiras, martelos pneumáticos, lixo urbano, guitarras em chamas, tudo servia de leitmotiv para criar uma anti-música intensa e destrutiva, ainda pouco original e bastante caótica, mas a dar largos passos para uma moldura deveras interessante e sobretudo pioneira no nosso país. Em meados de 1988, João Pedro Morais integra a banda como baterista e pouco tempo depois Nuno Barros abandona a mesma, passando esta a denominar-se Hospital Psiquiátrico. Nesse ano, compilam material original e recuperam alguns temas dos Esgoto Urbano e Esgoto Industrial, preparando aquela que será a sua primeira edição, "1ºElectrocoque", trabalho que será publicado dois anos depois, pela Facadas na Noite. Aproveitam o material disponível e geram um esboço daquele que será o seu segundo lançamento, "2ºElectrochoque". Este material era basicamente constituido por temas das fases pré-Hospital Psiquiátrico e nunca chegará a ser distribuido comercialmente. "1ºElectrochoque" foi basicamente gravado por Pedro Barros (guitarra, baixo, voz, objectos metálicos, sintetizador, órgão, piano, vibrafone e rebarbadeira), João Pedro Morais (percussão, objectos metálicos, voz, sintetizador e órgão) e Paulo Afonso (objectos metálicos, rebarbadeira e voz). Houve também colaborações pontuais de Nuno Costa (guitarra eléctrica, guitarra acústica), Nuno Barros (objectos metálicos, efeitos e órgão) e Alexandre Fernandes (aka Alex FX, sintetizador e caixa de ritmos). No dia 1 de Maio de 1988, Pedro Barros suicida-se, saltando do tabuleiro da Ponte da Arrábida para o Rio Douro. O grupo entra então num período de limbo, situação que se agrava com o abandono de João Pedro Morais. Mantem-se apenas no seio da banda um subalterno Paulo Afonso que acabará por decidir continuar com o grupo e assumir a sua liderança. Sem novas composições, Paulo Afonso autoriza finalmente a edição de "1ºElectrochoque" pela Facadas na Noite como desejara o seu falecido líder. Contudo, fruto de uma personalidade quase bipolar, volta a assinar apenas um ano depois com a Tragic Figures para uma reedição do mesmo trabalho. Promove ainda alguns concertos ao vivo na zona metropolitana do Porto e uma série de edições em selos estrangeiros. Com o passar do tempo, o grupo acaba por desaparecer da cena musical. Em 1998 surgiu, no entanto, editada no jornal Blitz, uma intrigante notícia referindo que a banda ainda existia e se dedicava a sonoridades mais próximas do dub e da música de dança. Previa-se uma actuação no Festival da Praia de Mira, onde iriam estar presentes bandas como os Clawfinger e Senser. Não se sabe quem integrava o projecto por essa altura.
DISCOGRAFIA
1ºELECTROCHOQUE [Tape, Facadas na Noite, 1988]
2ºELECTROCHOQUE [Tape, Não Editada, 1989]
3ºELECTROCHOQUE [Tape, Bestattungsinstitut, 1989]
SANATÓRIO A ARDER [Tape, Edição de Autor, 1989]
1ºELECTROCHOQUE [Reissue] [Tape, Tragic Figures, 1991]
COMPILAÇÕES
INSÓNIA [Facadas na Noite, Tape, 1990]
CORROSÃO CEREBRAL [Tape, K7 Pirata, 1991]
PRESS
Finisterra, Miguel Santos, Blitz nº309 de 02-10-1990
Este blogue é uma cópia (feita em boa hora) do extinto Under Review https://underrrreview.blogspot.com/
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