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sexta-feira, 14 de julho de 2017

GENERAL INVERNO

Oriundos de Ermesinde, os General Inverno foram criados em 1987 com o intuíto de participar no 1º Festival Luso-Galaíco de Rock ao Vivo realizado no Pub Luís Armastrondo, no Porto, certame que justamente vencerão em 1988. Gravam, para o efeito, uma maquete intitulada "Sotabalda" onde Nuno du Ebebçk, elemento do projecto com a única e exclusiva tarefa de escrever as letras do projecto, mostrava o quanto os seus textos - subtis e opulentos -, eram um importante trunfo para o relativo êxito alcançado pela banda. A vocalização dos temas era da responsabilidade de Jorge Seabra, um excelente front man. Temas como "SuperSousa", "Sal, Ar e os...", "Topas" ou "Até Porque" denotavam rasgos de inteligência, humor e ironia, fugindo à leviandade típica de muitos outros grupos que cantavam em português. O grupo tinha como núcleo duro Alcino Duarte (bateria) e Jorge Seabra (voz, harmónica), anteriores membros dos Peso Bruto, uma banda de rock-blues original, cantado em português, que teve existência entre 1980 e 1981, e que realizou dezenas de concertos na região norte do país. Para além destes, integravam ainda o line up dos General Inverno, Nuno Rocha, Paulo Andrade e Pedro Beck, alunos de baixo e guitarra de Orlando Mesquita, fundador do Bando do Rei Pescador (King Fisher's Band). Nuno du Ebebçk, pseudónimo de Carlos Bessa (autor de vários livros de poesia), colaborou na composição de algumas das letras. Henrique Gomes, por sua vez, ajudou na composição de algumas melodias vocais. Os General Inverno notabilizam-se por ter letras de alta qualidade, poderosíssimas e bem interpretadas, em que a voz de Jorge Seabra se ouvia bem e era entendível, palavra a palavra, sílaba a sílaba. A cassete "Sotabalda", não passou de uma demo para contratar concertos ao vivo e enviar para as rádios livres que solicitavam a música do grupo. O grupo chegou a apresentar-se, em Janeiro de 1988, primeira vez, no programa "Ao Vivo" da Antena 1, interpretando três temas em directo que foram transmitidos para todo o mundo. De referir que, à época, isto não era fácil. Os General Inverno acabaram naturalmente em 1989, após terem recusado o convite da editora Valentim de Carvalho para gravação de um álbum. Os motivos foram, à data, assentes na incompatibilidade entre as vidas pessoais e profissionais dos seus elementos: um professor e artista plástico de Ermesinde, dois estudantes universitários de Coimbra e um do Porto, e um técnico de estatística de Bragança. Como me confidenciou, há uns anos Jorge Seabra, via e-mail, "ficou cumprido o objectivo de vencer o Festival Luso-Galaico de Rock ao Vivo, o único em que participámos. Ficou também a experiência gratificante de dar belíssimos concertos ao vivo, conforme sempre fomos reconhecidos". Entre o fim oficial do grupo e até meados de 1992 ainda se registaram meia dúzia de concertos com a participação de Nuno Fernandes (baixo) e Nuno Gouveia (guitarra), também alunos de Orlando Mesquita. Esta formação compôs também dois novos temas: "Cinema S" com letra de Nuno du Ebebçk e "Sushi Sada" com letra de Jorge Seabra. Ao todo, o grupo compôs efectivamente 19 temas, tendo outros tantos ficado na prateleira.

CASSETES
Demo Tape 1987 (6 Temas, 27:38)

PRESS
General Inverno vence Luso-Galáico, David Pontes, Blitz nº198, 16-08-1988
Não queremos mudar o Mundo, José Cruz, O Portuga nº1, Nov/Dez 1988
General Inverno: Polidez Sonora, Victor Afonso, Encanto Lusitano nº0, 02-1990