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quarta-feira, 19 de julho de 2017

FRANGO

Oriundos do Barreiro, e, numa primeira fase, compostos por cinco elementos, iniciaram as suas actividades em 2001. Até finais de 2002, início de 2003, dedicaram-se sobretudo a aprendizagens várias: de domínio dos instrumentos, de interacção em grupo, de apreensão de referências musicais. Nesse período de tempo a banda dedicou-se em exclusivo a improvisações não estruturadas, importante fonte de busca de uma identidade sonora. Por altura do Verão de 2003, já reduzidos ao núcleo formado por Vítor Lopes (guitarra, bateria), Rui Dâmaso (guitarra, bateria, também membro dos Golden Jooklo Age e PCF Moya) e Jorge Martins (guitarra, baixo), e na sequência da disponibilização de uma primeira maqueta, dão os primeiros concertos no Barreiro. Por esta altura, a banda apresentava já composições estruturadas, com uma sonoridade que não andaria longe das bandas de referência do estilo a que, no final dos anos 90, se convencionou chamar pós-rock. O Outono de 2003 marca uma nova fase para a banda: de volta à sala de ensaio, a improvisação volta a constituir o principal método de trabalho, desta vez já revelando a emergência de uma sonoridade mais livre, mais indefinível, mais personalizada. Durante este período realizam, pontualmente, sessões de gravação, quer em trio, quer com a colaboração de outros músicos do Barreiro. No Verão de 2004, Ernesto Silva passa a colaborar com regularidade com a banda, e é com esta formação, inalterada até hoje, que efectuam nova ronda de concertos pelo Barreiro. Em Setembro de 2004, é lançada a edição em audio da revista "Embrionário", na qual participam com o tema "Peniche". Em Outubro de 2004, tocam na 1ºedição do Festival de Música e Imagem Out.Fest, também no Barreiro, de cuja organização fazem parte Vítor Lopes e Rui Dâmaso, também responsáveis pela editora que por essa altura se estreia, a Searching Records. Participam com um tema, "Muito Tempo Pt.1", na 1º edição da nova editora, a compilação "BRR Lo-Fi", e editam, também pela Searching Records, o primeiro trabalho em nome próprio, "Slayered/Slaughtered", em formato CD-R. Em Março de 2005, é editado, pela netlabel portuguesa Test Tube, o primeiro álbum da banda, "Sitting San", uma selecção de improvisações gravadas entre o final de 2003 e o verão de 2004. Na sequência das reacções bastante positivas a esse trabalho, são convidados para integrar o cartaz do Festival Where’s the Love, realizado em Maio de 2005 na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa, tocando na mesma noite da banda norte-americana Jackie-O-Motherfucker, um dos expoentes máximos do chamado novo folk americano. Na mesma altura, é publicada no suplemento musical "Y", do jornal Público, uma reportagem que procura dar a conhecer aquilo que considera um novo movimento musical em Portugal, caracterizado por uma abordagem livre ao ruído, à experimentação e à música improvisada, na qual os Frango e bandas como Dance Damage, Loosers, Fish & Sheep e Caveira surgem em destaque. Também em Maio de 2005, tocam no Cine-Teatro Passos Manuel, no Porto, partilhando o palco com os já citados Loosers e Dance Damage. Ainda neste mês é editado pela Searching Records um novo trabalho, "Whole Hit Bloomer", também em CD-R. Em Agosto de 2005, será publicado na prestigiada revista britânica Wire um artigo sobre as novas músicas de Lisboa, no qual os Frango merecem destaque, ao lado de algumas das bandas já citadas e de músicos consagrados do mundo da música improvisada, como Sei Miguel e Ernesto Rodrigues. Partindo das premissas do post rock dos Tortoise ou Labradford, os Frango procuraram ir um pouco mais além, recolhendo pistas no rock quase espacial dos Pink Floyd do início dos anos 70 e nalgum do psicadelismo mais experimental dos sessenta usando as matrizes das novas sonoridades electrónicas, eléctricas ou acústicas, com drones de guitarras pontuadas pela percussão ritmada, pesada e física. Os arranjos elaborados eram determinadamente livres, roçando algum do jazz mais selvagem. Dever-se-á catalogar esta música de improvisação ou avant-garde, quando as referências são praticamente transversais à música mais arrojada das quatro últimas décadas? A liberdade patente na sua música reflecte-se na estrutura dos temas que, sendo experimentais, permitem aos ouvintes mais conhecedores detectar onde os mesmos irão terminar apesar do caminho até lá ser notoriamente isento de regras ou de dogmas. Alguém escreveu um dia, que este processo consistia naquilo que se poderia designar de "the space between". Em 2006 editam "Aneboda" e em 2008 lançariam mais duas produções: "Pego De Lobo-Luz" - uma cassete gravada para a Cerebro do Morto e "Nada Miles" para a Merzbau. No seio do projecto sempre reinou uma espécie de anarquia consentida, não apenas na liberdade com que se abordava a criação mas também no facto dos seus elementos dividirem a sua criatividade por outros projectos de forma mais ou menos promíscua: Fish&Sheep, Ivone, Barcos, HomemCãoVelhoMorto, entre outros. Após a dissolução dos Frango, Jorge Martins, integrou os Fish&Sheep até à altura em que emigrou para os Estados Unidos da América, país onde criou a Crazy Dreams Band.

DISCOGRAFIA

 
SLAYERED/SLAUGHTERED [CDR, Searching Records, 2005]

 
SITTING SAN [MP3, Test Tube, 2005]

 
WHOLE HIT BLOOMER [CDR, Searching Records, 2005]

 
ANEBODA [CDR, Searching Records, 2006]

 
FUENTEZFUENTEZ [c/Dansse Damaje] [CD, Searching/Lovers&Lollypops, 2006]


PEGO DE LOBO-LUZ [Tape, Cérebro do Morto, 2008]

FAMILIES FOR SPACE TUNNELS [CDR, Edição de Autor, 2008]

 
SPLIT [c/Osso] [CDR, Edição de Autor, 2008]

 
NADA MILES [CD, Merzbau, 2008]

COMPILAÇÕES

BRR LO-FI [CDR, Searching Records, 2004]
SÍSTOLES/DIÁSTOLES [CDR, Embrionário Magazine, 2004]

 
ANIMAL REPETITIVO [CDR, Searching Records, 2005]

 
CALENDA [CD, Rudimentol Records, 2006]


HOME ON THE RANGE [CDR, Open Range Records, 2008]

 
QUIT HAVING FUN [2xCDR, Boring Machines, 2009]

PRESS
Frango, Blitz 1112 de 21-02-2006