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sábado, 1 de julho de 2017

d3ö

Originários de Coimbra e descendentes inevitáveis dos Tédio Boys, os d3ö são um exemplo de energia contagiante que se transmite facilmente. É bom saber que ainda há bandas que usam como carburante destilados e fermentados de cereais, mas também andam na estrada há muito tempo. Tony Fortuna (voz, guitarra, ex-Tédios Boys) é o motor da banda. Diz que prefere muita luz a nenhuma, para não se ligar o strobe em palco senão fica cego. Este ilustre entertainer saido da Caixa de Pandora dos Tédio Boys, onde tocavam os agora aclamados Paulo Furtado (The Legendary Tigerman e Wray Gunn), Vítor Torpedo (The Parkinsons, 77, Blood Safari, Tiguana Blues) e Kaló (77, Bunnyranch), mostra em palco a boa escola que teve: música com qualidade, maturidade e sem medo de excessos, porque é isso que cria o carisma entre a miríade de bandas amorfas e as suas sósias. Os restantes elementos iniciais do grupo - Tó Rui (guitarra) e Miguel (bateria) - haviam deambulado, respectivamente, pelos Garbage Catz, Batwings e Tu Metes Nojo. Os d3ö afastam-se do conceito de William S.Burroughs do corta e cola. Eles inventam a cola e a tesoura. São a simplicidade em pessoa mas esse facto não é de admirar. Puxam pelo público, pedem-lhe para subir ao palco, viram o microfone para a audiência para a obrigar a participar, provocam e obtêm resposta. Praticam um misto de blues, garage, rock n'roll, country e punk. Uma verdadeira sedução! Surgiram na primeira metade de 2002 com uma demo tape que incluia temas como "River Bullet", "Tam Tam Tam", "Babe" e "I Can´t Hardly Get Alone" e dois anos depois já estavam a editar comercialmente. Curioso será de registar que esse primeiro lançamento de apresentação, em formato CDR e em edição de autor, "Primary Interface", surgia já como um autêntico catálogo revisionista do género, pegando nas influências primordiais e explorando-as, vendo até onde poderiam levar o equipamento e a metodologia de trabalho. Com a edição, em 2004, de "8 Tracks On Red", trabalho gravado, misturado e masterizado por Joe Fossard e que incluia sete originais e uma cover de "Never Loved Her" dos Star Fires, o power trio manteve-se sem um baixista. A ideia original até era outra. Aconteceu sem querer. O resultado acabou por tornar-se surpreendente e original. O duelo de guitarras que se escuta traz ao som da banda uma sujidade que o faz ser diferente. O blues, o garage rock e o rock’n’roll anos 50 continuam a ser os temas dominantes de conversa.

DISCOGRAFIA

 
SIXPACKTRACK [CD, Subotnick, 2003]

 
8 TRACKS ON RED [CD, Subotnick, 2004]

 
THE BOX [CD Single, Subotnick, 2004]

 
7HEARTBEATTRACKS [CD, Subotnick, 2005]

 
WANNA HOLD YOU [7"Single, Dirty Water, 2007]

 
EXPOSED [CD, Subotnick, 2009]

 
LOVE BINDER [CD, Lux Records, 2013]

COMPILAÇÕES

 
NOVO ROCK PORTUGUÊS [2xCD, Chiado Records, 2007]

 
3 PISTAS 02 [2xCD, iPlay, 2009]

PRESS
Fun, Fun, Fun, Mário Lopes, Blitz nº 926 de 13-08-2002
Energia Tripartida, Eduardo Sardinha, Blitz nº 933 de 17-09-2002
O Rock é no Palco, Gonçalo Frota, Blitz nº 986 de 23-09-2003
O Efeito de Pac(k)ote, Pedro Trigueiro, Rock Sound nº 11 de 10-2003
No Red Line, Pedro Trigueiro, Rock Sound nº 21 de 10-2004
A Sangue Frio, António Pires, Blitz 1070 de 03-05-2005
Três, a Conta que o Diabo fez, Lia Pereira, Mondo Bizarre nº23 de 07-2005
Sangue, Suor e Rock, Luís Oliveira, Underworld nº16 de 07-2005