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quinta-feira, 13 de julho de 2017

COTY CREAM

Uniam o jazz ao rock, pincelando os som com referências a bandas sonoras clássicas de John Barry ou Henry Mancini, sem pretender passar uma mensagem concreta ou direccionada a algo ou alguém. Eram, nesta medida, algo anárquicos e non-sense e as letras das músicas faziam-no comprovar. A banda formou-se, como tantas outras, a partir de uma brincadeira de amigos que se juntavam numa garagem para ensaiar. Uns desistiram, outros foram ficando. Do início ficaram três, Pedro Alçada (guitarra), Sara La Féria (voz) e Torré (saxofone alto), a que se juntaram logo de seguida António Correia (bateria) e Vasco Albergaria (baixo). A fonética, a brincadeira com o som das palavras era um aspecto que exploravam no seio de um rock improvisado e destemido - muitas vezes elaborado a partir de raízes de temas de matriz popular - que permitia um certo espaço para interpretação da sua música. Usavam, como complemento, instrumentos pouco convencionais - cornetas, brinquedos -, mas apenas num sentido complementar e não como elemento fulcral do seu som. O primeiro álbum foi produzido por Vítor Rua. Sentiram-se em casa. Recordando um dos discos do ano de 1996. "Música Comercial" é um disco irónico pelo título, importante e perdido. É uma criativa demonstração musical quase sempre surreal numa voz plena de sensações. É um disco arrojado, centrado num certo "Pop Arte" e pouco preocupado com os convencionalismos do momento. Nascido naturalmente de um pop/rock fluído, alternativo e musicalmente bastante convincente, lança-se para uma composição de alguma originalidade onde o experimentalismo musical irradia por todo o disco. De pluri-influências, "Música Comercial" é um disco de experiências quer do ponto de vista instrumental, onde os sopros marcam importante presença, quer do ponto de vista vocal onde o experimentalismo é igualmente notório. A tudo isto juntem-se colagens várias, samples, galos, apitos, etc e nasce uma sonoridade interessante, descomprometida às vezes até difícil de tão fácil que parece o som prometido. Os Coty Cream de "Música Comercial" são essencialmente uma experiência musical interessante, um gelado pop, estranho de arranjos e sons estranhos, que como todo o gelado que dá prazer, acaba depressa.[Diário de Notícias] Em 2002 surgiu uma notícia de que o grupo estaria a gravar um novo álbum, reduzido a apenas um duo formado por Pedro Alçada (programações, guitarras, teclas e composição) e Carla Bolita (a actriz que participou no filme "Corte de Cabelo" de Joaquim Sapinho e em "O Homem-Teatro" de Edgar Pêra), na voz e letras. Como colaboradores constavam o guitarrista Emídio Buxhinho e o baterista António Correia (Hipnótica). Tal registo nunca chegou a ser editado.

DISCOGRAFIA

 
MÚSICA COMERCIAL [CD, Farol Música, 1996]

 
O ROCK DA MOURARIA [LP, Mouraria Records, 2006]

COMPILAÇÕES

 
PRIMEIRA MOSTRA [CD, Estúdio GAR, 1994]

 
100% [CD, Música Alternativa, 1995]

PRESS
O Império da Persistência, Pedro Gonçalves, Blitz nº 532 de 10-01-1995
Bem Berra a Menina, Cláudia Galhós, Blitz nº 589 de 13-02-1996
Quem quer fugir do Quotidiano?, Rui Catalão, Público nº 2390 de 25-09-1996
La Super Fula Pula, Claudia Galhós, Blitz nº 618 de 03-09-1996 [CAPA]