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quinta-feira, 20 de julho de 2017

ABSTRAKT CIRCKLE / ABZTRAQT SIR Q

No início de 1999 Helen Aubergine (voz, teclados e baixo), Ivy de Robertson (baixo), Peter Shuy (guitarra, teclados, califone) e Henry Himms (bateria, samplers) formaram os Abstrakt Circkle, imbuídos da vontade de criar um projecto com uma identidade original. Na altura, a sua sonoridade foi classificada como Noise Rock Experimental, a que se aliavam concertos com uma forte componente de performance teatral, influenciada pelos movimentos mais experimentalistas. Em Janeiro de 2000 gravaram o seu primeiro registo em 8 pistas, intitulado “To Comment On Or Upon”, e um ano depois, gravam o segundo “www.toilleetee-sexy-seat-com”, que a banda optou por não divulgar, devido à insatisfação com a produção do disco. Percorreram o país realizando dezenas de concertos, tendo obtido diversos prémios em concursos e festivais de música: 1º lugar e Prémio Originalidade no Arruda Rock 2000; Prémio de Originalidade no Xira Jovem 2001; 3º lugar no festival de Vila Viçosa; classificação entre os 5 primeiros no Faro Maio Jovem 2002 onde ganham o prémio de melhor presença em palco e o direito de participar no CD editado pelo IPJ de Faro; obtêm ainda o 1º lugar no Rock`In. Em finais de 2002, editaram o disco promocional intitulado “Century City Bar”, que divulgam em concertos por todo o país. Participam também no Rock Music Challenge 2003 realizado no Maus Hábitos em Novembro. Depois de terem sido seleccionados para a 10.ª edição do Termómetro Unplugged, foram desclassificados nas eliminatórias por terem excedido o limite de decibéis permitidos. Em 2005, das cinzas dos Abstrakt Circkle, renascem os mais rebuscados AbztraQt Sir Q onde Peter Shuy (guitarra), é acompanhado por três novas personagens: Andy Newman (bateria), Egon Crippa (baixo) e a vocalista Mundina Moruniq. O grupo surgiu da reunião dos músicos através de um anúncio colocado num jornal. Mundina Moruniq respondeu ao anúncio e juntou-se aos Abstrakt Circkle, mas como não estavam satisfeitos com o rumo da banda, resolveram mudar de direcção e criar um novo projecto apelidado de AbztraQt Sir Q. Fizeram várias audições para completarem a formação e encontraram Andy Newman e por fim, Egon Crippa. O nome AbztraQt Sir Q, uma derivação fonética do nome da banda anterior, bem como o uso do Q maiúsculo, surgiu de uma brincadeira, de um jogo de palavras, que Mundina também utiliza na escrita das suas canções. A nova grafia do nome da banda abre-se a múltiplos significados e interpretações, que desperta curiosidade e não identifica imediatamente o tipo de música que fazem. Os alter-egos que adoptaram, servem de veículo para libertar a imaginação, para se transportarem para uma realidade alternativa, num universo imaginário. Cada um definiu uma biografia para a sua personagem, usando, ou não, traços da sua própria personalidade. Situaram as suas personagens no cenário de uma ilha do extremo oriente, porque têm um fascínio especial por essa zona, embora a forma como isso se reflecte na música seja completamente intuitiva, uma vez que não realizaram qualquer tipo de recolha etnográfica. Pretendem absorver as sonoridades de diferentes culturas, duma forma muito sensorial e intuitiva. Em 2006, apresentam o cd-single “Xing Palace Place" com três novos temas, onde denotam já um distanciamento da sua anterior sonoridade. Em Setembro de 2007, realizam uma digressão em Inglaterra, que constituiu uma experiência bastante enriquecedora, pois permitiu-lhes actuar num curto espaço de tempo para públicos muito diferenciados. Em 2008, surge “Qorn Pop Garden” o seu primeiro registo longa duração. Enquanto “Xing Palace Place” reflectia a urgência de criar algo novo e surpreendente, o novo álbum representa o desenvolvimento desse trabalho, possuindo já uma voz própria. Na gravação do disco procuraram uma abordagem semelhante aos arranjos tocados ao vivo, a mesma energia e ambiente meio exótico, acrescentado de pequenas subtilezas que se vão descobrindo a cada nova audição. A produção do disco fica a cargo de Zé Nando Pimenta (Type, The Zany Dislexic Band, Paco Hunter, etc.), que repetirá a função no disco seguinte. João Peste participa num dueto com Mundina no tema “Sorry O”. O timbre de Mundina lembra, por vezes, o de Dagmar Krause e de Nina Hagen. Ao longo do disco de estreia vão misturando sem complexos psicadelismo, influências orientalizantes, experimentalismos vários, tudo com uma grande sensibilidade pop e sentido lúdico. O disco fecha com “Diet Riot”, uma música em italiano. Este tema já tinha saído numa compilação da netlabel italiana Lepers Productions, cujo mote era o combate ao excesso de peso. O segundo álbum lançado em 2010 “Extimolotion”, é mais tranquilo, explorando novos caminhos, com o objectivo de fazer sempre algo diferente em todas as músicas. Enquanto o primeiro disco apresenta uma grande concentração de ideias, onde cada tema aborda vários pensamentos, o segundo abarca menos ideias, mas explora-as com maior profundidade. “Extimolotion” foi composto entre concertos e por isso resultou num processo mais lento, mais maturado. As letras de Mundina partem de um conceito geral, como a liberdade ou o amor, construindo através de um ponto de vista pessoal e subjectivo a canção, com amiúde jogos de palavras e de fonética. Os AzbtraQt Sir Q divagam entre diversos idiomas como o português, o inglês, espanhol, alemão e até em italiano, para aproveitarem os diferentes significados que as palavras têm nas diversas línguas, o que lhes confere um som global, cosmopolita, sem nacionalidade definida. No entanto, as músicas são maioritariamente em inglês, e no primeiro disco apenas tinham uma frase em português a meio do disco, apenas perceptível para quem estivesse muito atento. Como o primeiro disco não obteve grande repercussão junto do público e da comunicação social, decidiram trabalhar com uma promotora, além da editora. O disco “Extimolotion” foi considerado um dos melhores do ano por diversas publicações e blogues dedicados à música nacional. Aos Abztraqt Sir Q são apontadas influências de bandas como os Deerhoof e Blonde Redhead, pela sua faceta mais experimental e sensibilidade pop. Fala-se também em The Raincoats, Lilliput, B-52’s, entre outros. Nos concertos, tentam transpor o seu imaginário para o palco e criar um espectáculo que seja interessante no seu todo, tanto em termos musicais como visuais. Os AbztraQt Sir Q regressam em 2011 com a nova vocalista Dichma Rahma, que faz a sua apresentação pública no concerto de lançamento da colectânea T(H)REE, realizado no Museu do Oriente em Lisboa.

DISCOGRAFIA

 
SIR MUNDINA EP [MP3, Merzbau, 2005]

XING PALACE PLACE [CD Single, Edição de Autor, 2006]

 
QORN POP GARDEN [CD, Meifumado, 2008]

 
EXTIMOLOTION [CD, Meifumado, 2010]

COMPILAÇÕES

 
OFFLINE: 12 BANDAS [CD, FNAC, 2002]

 
LOOKING FOR STARS [CD, Bor Land, 2002]

 
MESCLA SONORA SAMPLER [MP3, Mescla Sonora, 2008]

 
EARLIER [MP3, Lepers Productions, 2008]

 
MEIFUMADO: 5 ANOS 13 MERDAS [CD, Meifumado, 2009]

 
T(H)REE [CD, Cobra, 2010]

PRESS
Veludo Vermelho, Ana Ventura, Blitz nº 955 de 18-02-2003
O Teatro Pop dos Abztraqt Sir Q, Mário Lopes, Público, Ípsilon de 26-12-2008