A história da banda é igual à de muitas outras. Um grupo de amigos ensaia algumas canções, toca alguns concertos, consegue uma classificação motivadora num concurso. O percurso dos The Gift começou exactamente assim. O que os distinguiu de milhares de outros projectos foi o calculismo com que tomaram as decisões importantes na sua já extensa carreira. Algures em Alcobaça, uma banda influenciada pela estética dos anos oitenta ensaiava. A banda chamava-se Dead Souls e dela faziam parte Nuno Gonçalves e Miguel Ribeiro, a primeira banda de ambos. Segundo palavras de Nuno Gonçalves, tratava-se da sua banda, a banda com a qual ambicionava ser famoso, era uma banda rock, nua e crua. No entanto, a música que faziam estava limitada aos instrumentos que utilizavam (guitarra, bateria e baixo), sentindo a necessidade de experimentar novas sonoridades. Começaram, então, a explorar um ou outro teclado, um ou outro ritmo pré-programado e foi daí que surgiu a necessidade de fazerem um projecto diferente. Estávamos em 1994, altura em que nomes como Portishead, Massive Attack e Björk marcavam o panorama musical de forma inovadora. A vontade de transpor para a música que faziam a música que ouviam fez com que nascesse um projecto paralelo aos Dead Souls: os The Gift. Inicialmente formados por Miguel Ribeiro e Nuno Gonçalves, criaram uma música e convidaram o Ricardo Braga a entrar no projecto. Tratava-se de um rapaz que tocava na banda bombardino e teclado, o que era o ideal. Entretanto, precisavam de uma voz e veio o Janita, que era o vocalista da banda Cathedral Of Tears. De dois, os The Gift passaram a uma banda de quatro elementos com a entrada de Ricardo Braga e de Janita para vocalista, que permaneceria no grupo por um curto período e daria o seu lugar a Sónia Tavares, pouco tempo depois. Sónia ingressou na banda quase por acaso e, apesar de mais tarde vir a dar novas tonalidades à música dos The Gift, na altura a escolha de uma voz feminina não foi vista com bons olhos por Nuno, que não conseguia idealizar uma rapariga a cantar no grupo. A barreira tornou-se ainda maior ao Sónia não proferir uma única palavra durante os primeiros ensaios e permanecer timidamente afastada dos restantes músicos. Até ao dia em que quebrou o silêncio, começou a cantar, e de uma assentada compôs o primeiro tema do grupo: Lenor. Estava dado o primeiro grande passo dos The Gift. A partir daqui a sonoridade do grupo começou a ganhar forma e em Setembro de 1994, Sónia, Nuno, Miguel e Ricardo inscreveram-se no Concurso de Música Moderna do Bar Ben, em Alcobaça. A banda acabaria por ir passando de eliminatória em eliminatória, até chegar à final, e terminaria em 2º lugar – para grande surpresa de todos dada a curta existência do grupo. Encarando o resultado do concurso como uma vitória e um estímulo, os The Gift começaram a aspirar a mais e deram o seu primeiro concerto em nome próprio no Mosteiro de Alcobaça, em Julho de 1995. Seguir-se-iam o Centro Cultural de Belém e Bar Labirintho, em Novembro desse ano. Foi nessa noite, com o incentivo do dono do bar, José Carlos Tinoco, que surgiu a ideia de gravar a primeira maqueta do grupo. Desde esse dia e até Maio de 1997 os The Gift empenharam-se a 100% na preparação do seu primeiro registo discográfico, tendo como ambição mostrar a sonoridade da banda aos media e às editoras. Deste esforço nasceu "Digital Atmosphere", CD composto por 6 temas e uma parte multimédia com entrevistas e vídeos da banda, gravado em casa e sem edição comercial. O objectivo de chamar a atenção da indústria musical não seria atingido da forma desejada, mas as expectativas relativamente à crítica musical viriam a ser ultrapassadas, obtendo de imediato o reconhecimento por parte dos media. Ainda nesse ano os The Gift partiram para a estrada, percorrendo cerca de 30 auditórios e editando no final da digressão um vídeo com os concertos do Centro Cultural de Belém e do Cine-Teatro de Alcobaça. Logo após a Digital Atmosphere Tour a banda ficaria reduzida a quatro elementos, com a saída de Ricardo Braga, permanecendo com a formação com que continuaria até hoje, e estabeleceria o objectivo de editar um novo disco, como banda independente, suportando todas as despesas e sem qualquer tipo de apoio por parte de alguma editora discográfica. Ganham, em 2005, na categoria de "Best Portuguese Act", o MTV Europe Music Awards, prémios entregues esse ano em Portugal. Este reconhecimento é obtido através do seu álbum duplo «AM-FM». A 30 de Outubro de 2006 lançam o álbum ao vivo e DVD «Fácil de Entender», cujo nome é o de uma canção cantada em Português e faixa escondida do álbum «AM-FM» que foi apresentada no decorrer da AM-FM Tour. Em 2007 ganham o Globo de Ouro (SIC/Caras) de Melhor Grupo com o álbum "Fácil de Entender".
DISCOGRAFIA
DIGITAL ATMOSPHERE [CD, Edição de Autor, 1997]
DIGITAL ATMOSPHERE TOUR [VHS, Edição de Autor, 1998]
VINYL [CD, Edição de Autor, 1998]
OK! DO YOU WANT SOMETHING SIMPLE [CD Single, Edição de Autor, 1999]
REAL (GET ME FOR) [CD Single, La Folie Records, 1999]
TRUTH [CD Single, La Folie Records, 2000]
SINGLE HAND CAMERA DOCUMENTARY [VHS, Edição de Autor, 2000]
FILM [CD, La Folie Records, 2001]
WATER SKIN [CD Single, La Folie Records, 2001]
QUESTION OF LOVE [CD Single, La Folie Records, 2001]
THE SCUM SHOW [CD, Inestética, 2004]
AM-FM [CD+DVD, La Folie Records, 2004]
DRIVING YOU SLOW [CD Single, La Folie Records, 2004]
11:33 [CD Single, La Folie Records, 2004]
FÁCIL DE ENTENDER [CD+DVD, La Folie Records, 2006]
VINYL [Reissue] [2xLP, La Folie Records, 2008]
FILM [Reissue] [2xLP, La Folie Records, 2008]
AM-FM [Reissue] [2xLP, La Folie Records, 2008]
FÁCIL DE ENTENDER [Reissue] [2xLP, La Folie Records, 2008]
645 [CD Single, La Folie Records, 2008]
EXPLODE [Edição Especial] [CD+DVD, La Folie Records, 2011]
PRIMAVERA [CD, La Folie Records, 2012]
20 [2xCD+4xDVD, La Folie Records, 2015]
COMPILAÇÕES
SOL MÚSICA [CD, BMG, 1998]
EUROSONIC [CD, Ebi-Uer, 1999]
ON05 [CD, Artes & Leilões, 1999]
INDIEGENTE [CD, Música Alternativa, 2002]
FRÁGIL 21 [CD, Sony Music, 2003]
EXPLORATORY MUSIC FROM PORTUGAL 04 [CD, Calouste Gulbenkian, 2004]
EXPLORATORY MUSIC FROM PORTUGAL 05 [CD, Calouste Gulbenkian, 2005]
POSTO DE ESCUTA [CD, EMI, 2005]
LISBOA [CD, Lisboa Records, 2007]
CONCERTO MAIS PEQUENO DO MUNDO [2xCD, Farol, 2009]
PRESS
Um Embrulho Bonito, Carlos Mota, Público nº2633 de 28-05-1997
Sei lá o que penso do Mundo, Luís Maio, Sons nº2 de 20-06-1997
Isto (não) é Cabaré Futurista, Jorge Manuel Lopes, Blitz nº 671 de 09-09-1997
Os Segredos também se Revelam, Pedro Gonçalves, Blitz nº 738 de 22-12-1998
À Maneira deles, Jorge Lopes, Blitz nº 762, 08-06-1999
Do Céu caiu uma Estrela, Sónia Pereira, Blitz nº 763, 15-06-1999
A Máquina de Vinyl, João Martins, Promúsica 31 de 08-1999 [CAPA]
The Gift com Mimi em Alcobaça. Blitz nº 776 de 14-09-1999
Entrevista, Mónica Rangel, Raio X nº 26 de 18-10-1999
Presentes com Futuro, Jorge Mourinha, Blitz nº 785 de 16-11-1999
Coisas Simples, Blitz nº 786, 23-11-1999
O Milagre de Alcobaça, Ana Ventura, Blitz nº 791, 28-12-1999
Clássicos da Era Moderna, Sónia Pereira, Blitz nº 859 de 17-04-2001 [CAPA]
As Luzes da Ribalta, Blitz nº 902 de 11-02-2002 [CAPA]
Querem Algo Simples, Sónia Pereira, Blitz nº 869 de 26-06-2001
Folklore no Meco, Sónia Pereira, Blitz nº 870 de 03-07-2001
Grandes Planos, Patrícia Lemos, Promúsica 55 de 08-2001 [CAPA]
Final Feliz, António Pires, Blitz nº 879 de 04-09-2001
Uma Questão de Amor, Ana Ventura, Blitz nº 903 de 19-02-2002
Cinco Minutos Antes do Salto, António Pires, Blitz nº 950 de 14-01-2003
Isto não é a América, Pedro Gonçalves, Blitz 981 de 19-08-2003
Irmãos Inseparáveis, Ana Ventura, Blitz 1047 de 23-11-2004 [CAPA]
Prego a Fundo, Ana Markl, Blitz 1081 de 19-07-2005 [CAPA]
Num Filme Sempre Hi-Fi, Mário Rui Vieira, Blitz 1121 de 24-04-2006
Meia Noite no Jardim do Bem e do Mal, Ana Ventura, Revista Blitz 05, 11-2006
Este blogue é uma cópia (feita em boa hora) do extinto Under Review https://underrrreview.blogspot.com/
terça-feira, 20 de junho de 2017
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