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sexta-feira, 30 de junho de 2017

CAGALHÕES

São, talvez, o mais mítico projecto hardcore português dos anos 80, os verdadeiros percursores do estilo em Portugal e curiosamente deverão ser das bandas de que mais se fala e menos se conhece ou se tenha ouvido algum tema. Aliás, as poucas referências existentes na imprensa são já da fase final do grupo, aquando de uma participação em lotados concertos no Pub Luís Armastrondo no Porto, no 1º Concurso de Músico Luso-Galaíca, por lá ocorrido. Oriundos de Aveiro, os Cagalhões nasceram no Natal de 1983 e eram formados por Biafra (voz), João (guitarra) e Jorge (bateria). Pelo baixo passaram muitos pretendentes ao longo da sua existência sendo talvez o mais persistente Óscar (aka Skin, que mais tarde fará parte dos Cães Vadios numa segunda incarnação, nos Motornoise, Speedtrack, etc). O início da banda não foi fácil. Aliás, toda a sua existência, não o foi. Participaram no Agitarte 85, contaram com uma série de expulsões de locais de ensaios e tocaram pouco, muito pouco. Os seus elementos eram basicamente universitários e hoje deverão estar estabilizados e conformados, mas é assim a vida. Em certa medida, o grupo era colateral ao chamado Grémio do Porto. O som praticado era um misto de punk, hardcore e Killing Joke dos primeiros tempos, com letras com cariz de crítica social. Temas como "Aseptal" ou "Deus é Um Chulo" fizeram história, bem como o facto dos Cagalhões terem sido a primeira banda portuguesa a constar nas páginas da revista norte-americana Maximum Rock'n'Roll e ainda por cima com direito a referência na capa. Como a banda fazia questão de dizer na altura, "Cagalhões são muita energia, violência e criatividade, velocidade galopante na bateria, desespero na voz, guitarra simples e baixo lento!"