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sexta-feira, 30 de junho de 2017

ROSENKRANZ

Começava a despontar o ano de 1996 quando, em Coimbra, Bruno Simões (guitarras semi-acústica e eléctrica), dos Cave Canem, decide (e em parte devido ao novo rumo, mais pop, que o seu grupo estava a começar a seguir), conjuntamente com Andreia Martins (voz, textos), João Taborda (teclados) e Nuno Ávila (da Enochian Calls – declamações e textos), formar um novo projecto que recuperasse a negritude e sobriedade lírica e musical que havia experimentado na sua outra banda. Optando pela designação de Carfax Abbey (mítica abadia localizada em Purfllet, no Essex, e referida por Bram Stoker, na sua novela gótica "Drácula", como tendo sido adquirida pelo Conde Drácula para ser a sua base operativa em Inglaterra), o colectivo começa a trabalhar e a desenvolver ideias e conceitos. Durante esse ano ainda, contudo, Taborda abandona o grupo (indo formar uma parceria com António Olaio), ao mesmo tempo que este estagna e pondera a sua continuidade. Pelo Outono, no entanto, verifica-se a entrada de Pedro Moreira (voz, guitarra eléctrica, teclados, melódica, flauta, textos) que, um pouco mais tarde, introduz um novo elemento à banda, António Marques (teclados), aumentando-se, assim, as possibilidades criativas e o leque de caminhos a explorar, ao mesmo tempo que se utilizam o Português, o Inglês, o Francês e o Alemão como formas de expressão. Novas canções começam, de imediato, a ser compostas, aproveitando-se as novas potencialidades disponíveis, concorrendo, este novo ímpeto, para a elaboração de um som mais rico e preenchido. Aliando, a estes factores, o facto de nenhum dos elementos estar satisfeito com o nome sob o qual trabalhavam, decide-se, durante o mês de Dezembro, alterar esse signo por um que representasse, não só o novo sopro criativo como, também, fosse do agrado de todos os elementos. É assim que surge a designação de Rosenkranz (significando rosário, mas retirado do contexto de uma peça de Straosser). É já durante o ano de 1997 que procederão à gravação do seu único registo oficial, a cassete "Art & Death". Incluindo 8 temas, a sua sonoridade andará pelas malhas do dark folk, interpretando-o numa vertente mais sentimental, romântica e bucólica, e embebendo-o numa suave melancolia envolta de forte sensibilidade melódica. Embora se verificasse uma certa aproximação sonora a referências como Strength Through Joy, Death In June ou Current 93, o registo imprime o cunho próprio e pessoal dos seus criadores e constitui, per si, um marco histórico em Portugal, sendo um dos primeiros, e poucos (no estilo), a ser por cá editado. Paralelamente ao seu lançamento, conseguem arranjar algumas datas ao vivo, mormente em Coimbra, participando, também, na compilação "Primeiro Grito" da Agitarte. 1998 vê-os reincidir na participação em colectâneas, desta feita na "Santos da Casa" (da Coimbra B) e num dos volumes apenso à revista "Promúsica" (embora sempre com temas retirados do registo de estreia), ao mesmo tempo que se falava na possibilidade da gravação de um CD que incluiria, não só, a demo, como, também, outros temas originais, quer de estúdio, quer ao vivo. Contudo, e sobretudo, devido à dispersão geográfica dos seus membros, bem como ao facto de se dedicarem mais a outros projectos pessoais e musicais, os Rosenkranz acabam por se desagregar, seguindo à letra o lema de a Morte após a Arte... [Paulo Martins]


ART & DEATH [Tape, Enochian Calls, 1997]

COMPILAÇÕES

 
PRIMEIRO GRITO [CD, Coimbra B, 1997]

 
PROMÚSICA 15 [CD, Promúsica, 1998]

 
SANTOS DA CASA [CD, Coimbra B, 1998]

PRESS
Destaques, Promúsica 15 de 03-1998