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segunda-feira, 19 de junho de 2017

SPIROU E A TERRA DAS SERPENTES

Depois de altas e demiúrgicas cavalarias, Spirou desceu à terra. O anterior projecto God Spirou perdera a divina nomeação e ligou-se ao simbolismo telúrico e ao esoterismo mítico das serpentes. Spirou e a Terra das Serpentes foi a evolução de uma série de projectos que Jorge Ferraz (guitarra, voz) desenvolveu desde que, em 1991, terminaram os Santa Maria Gasolina em Teu Ventre. Juntamente com Vítor Inácio (baixo), outro antigo membro dos Santa Maria, Ferraz trabalhou então com Mário Gil (guitarra), que saíra dos More República Masónica. Nascida em Lisboa em 1995, faziam ainda parte da banda Frederico Fernandes (bateria), Jaime Carneiro (sintetizador) e Carlos Almeida (saxofone e efeitos). Para o guitarrista e também vocalista Jorge Ferraz, este era assim o seu primeiro projecto depois de terminados os Santa Maria. O resto teria sido, segundo o próprio - em fase de desilusão -, uma série de equívocos, independentemente de terem sido feitas algumas coisas do seu agrado. Também Mário Gil - que também fizera parte dos God Spirou -, demonstrava sinais de alguma desilusão com o passado já que os More República Masónica deveriam ter, segundo ele, terminado logo imediatamente a seguir à edição de "Blow Your Mind". Assim, este novo grupo, surgia de um conjunto de associações a partir de projectos anteriores dos seus membros. Entre o gosto pelas inspecções sónicas as melodias contaminadas pelo ruído e pelas dissonâncias e uma aproximação espiritual a temas que surgiam de acasos fonéticos, as influências de músicos como Sun Ra eram evidentes e até desejadas.

PRESS
Spirou já não é Deus, Rui Catalão, Pop Rock nº 2077 de 15-11-1995
Baladas Infectas, Miguel Francisco Cadete, Blitz nº 593 de 12-03-1996