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segunda-feira, 19 de junho de 2017

JAZZ COVERS

A editora Taschen editou em Outubro de 2007 "Jazz Covers", um livro do coleccionador português Joaquim Paulo, que reproduz cerca de 700 capas de vinis de jazz dos anos 1940 a 1990 da sua discoteca pessoal. "Jazz Covers" foi originalmente apresentado na loja da Taschen em Los Angeles e é "um documento da história do jazz que revela que a componente gráfica teve uma ligação muito importante com a música", disse Joaquim Paulo à agência Lusa. O livro, de capa mole e com um formato aproximado de um LP, reproduz ao longo de 496 páginas perto de 700 discos, acompanhados de ficha técnica, comentários e entrevistas que contextualizam historicamente cada vinil. Em Portugal esgtou-se em meia dúzia de dias. Os discos foram escolhidos a partir da colecção pessoal de 25.000 títulos de Joaquim Paulo, profissional ligado à rádio em Portugal há mais de vinte anos e, mais recentemente, fundador da editora Mad About Records. Considerando esta obra "um projecto de vida", Joaquim Paulo trabalhou neste livro ao longo dos últimos dois anos, seleccionando os discos e compilando testemunhos de personalidades-chave para contar a história do jazz. São os casos de Rudy Van Gelder, o engenheiro de som que gravou álbuns para a Blue Note ou para a Prestige, o produtor de jazz Creed Taylor e o designer Bob Ciano. Joaquim Paulo propôs o projecto à Taschen, porque queria uma editora "que tivesse um grande cuidado gráfico" e foi o próprio fundador da editora alemã, Benedict Taschen, que viabilizou a edição. Apesar do jazz remeter invariavelmente para os Estados Unidos, a escolha de Joaquim Paulo é geograficamente ampla, com a inclusão de discos da Argentina, Brasil, Polónia, Roménia ou Reino Unido. Da galeria de eleitos fazem parte Miles Davis, Chet Baker, Thelonious Monk, John Coltrane, Ornette Coleman, Count Basie, Art Blakey, Bill Evans, Ella Fitzgerald e Chick Corea, mas também Stan Getz, Claus Ogerman, Teuo Nakamura, Vince Guaraldi, Moacir Santos e Maurice Vander. "A escolha dos discos foi muito difícil, ficaram muitos de fora, mas os critérios foram a importância histórica, o grafismo e a raridade, porque há muitos que não têm edição em CD", explicou Joaquim Paulo, que pondera realizar um segundo volume dedicado ao tema. Muitos dos discos foram seleccionados também por revelarem uma "cumplicidade entre os designers e os músicos. Há uma sintonia entre o que a capa mostra e a música", sobretudo dos anos 1950 e 1960, comentou Joaquim Paulo. A escolha, que exclui artistas portugueses, vai apenas até aos anos 1990, por causa do declínio das edições de música em vinil e da rápida ascensão do digital, com o CD.