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domingo, 25 de junho de 2017

TANTRA

Os Tantra iniciaram a sua actividade em 1976, quando Manuel Cardoso e Armando Gama se juntam e formam um duo. Manuel Cardoso (guitarrista) tinha passado por outro grupo famoso na época, os Beatnicks, numa altura em que a vocalista era Lena D'Água. A este núcleo inicial juntar-se-iam mais tarde Américo Luís (baixo), Rui Rosas (bateria) e Firmino (percussão). Com esta formação gravam um single, "Novos Tempos", que permite que o grupo se afirme como um dos primeiros grupos portugueses a seguir a corrente progressiva praticada na época por bandas como os Yes ou os Genesis. A banda estreia-se ao vivo juntamente com os Beatnicks e, após a saída de Rosas e de Firmino, entra um novo baterista, ToZé Almeida (futuro Heróis do Mar), famoso por tocar, quase sempre, em contratempo com uma bateria gigantesca. Com esta nova formação o grupo grava, em 1977, o seu primeiro LP, "Mistérios e Maravilhas", hoje considerado, mesmo a nível internacional, um "clássico" do rock progressivo. Ao contrário do que acontecia em Inglaterra, onde o progressivo estava em declínio, os Tantra arrastavam multidões em Portugal, enchendo salas como o Coliseu dos Recreios, em Lisboa, facto nunca ocorrido com um grupo rock. Tony Moura (ex-Psico) entra na formação do grupo com vista ao reforço das vozes e o grupo começa a ensaiar os primeiros passos dum espectáculo com muito de teatral. Manuel Cardoso começa a usar a máscara de um velho no tema "À Beira do Fim", nos espectáculos ao vivo, facto que se tornará uma imagem de marca do projecto. Armando Gama abandona e, para o seu lugar, entra Pedro Mestre que, logo depois será substituído por Pedro Luís (futuro Da Vinci). Em 1978 os Tantra editam "Holocausto", um disco mais amadurecido, em que as vozes já começam a sobressair. Nova tournée nacional e o sucesso continuou, só que o rumo musical mudou. Manuel Cardoso aproveitou os novos ventos que sopravam de Inglaterra e começou a enveredar pelo estilo new wave. A língua portuguesa, usada até aqui nas canções do grupo, cedeu lugar ao inglês. O novo disco intitulado "Humanoid Flesh" revelou-se um fracasso comercial. Já não participa no mesmo Américo Luís que havia sido substituído no baixo por Dedos Tubarão (aka Pedro Ayres Magalhães, futuro Faíscas, Corpo Diplomático, Heróis do Mar, Madredeus). Atacados pela crítica e desprezados pelo público, os Tantra terminam a sua carreira em 1981, sem honra nem glória. O projecto ressuscitará em 2003, numa fase nostálgica, editado a expensas próprias, uma série de CDs, um dos quais ao vivo, com o registo de 1977. A banda era formada por Manuel Cardoso (voz e guitarra), Armando Gama (piano e teclas), António José de Almeida (bateria) e Américo Luís (baixo), ou seja a mesma formação que gravaria o aclamado "Mistérios e Maravilhas. [Aristides Duarte]

DISCOGRAFIA

 
NOVOS TEMPOS [7"Single, Valentim de Carvalho, 1976]

MISTÉRIOS E MARAVILHAS [LP, Valentim de Carvalho, 1977]

 
HOLOCAUSTO [LP, Valentim de Carvalho, 1978]

 
HUMANOID FLESH [LP, Valentim de Carvalho, 1980]

 
MISTÉRIOS E MARAVILHAS [Reissue] [CD, EMI-VC, 1997]

 
TERRA [CD, Edição de Autor, 2003]

 
DELIRIUM [CD, Edição de Autor, 2003]

LIVE RITUAL [CD, Edição de Autor, 2003]

 
MISTÉRIOS E MARAVILHAS [CD, iPlay, 2008]

COMPILAÇÕES

 
CÍRCULO DE FOGO 01: ATAQUE [MP3, Círculo de Fogo, 2007]

PRESS
Misérias e Maravilhas do Rock, António Sérgio, Música & Som 21, 15-11-1977
Banco de Ensaio, João David Nunes, Música & Som 24, 01-02-1978
O Dominó que Vestia era Errado, Carlos Jorge, Música & Som 31, 15-05-1978