Em 1990, no concerto de passagem do ano, juntam-se no Terreiro do Paço os All Stars, um ensemble onde estão Tim, Miguel Ângelo, Pedro Ayres e ainda Fernando Cunha, guitarrista dos Delfins. Os mesmos quatro músicos surgem reunidos para um concerto acústico no Rossio, que constitui efectivamente a "proto-Resistência". No ano seguinte, o primeiro álbum da Resistência está na rua, com o selo BMG. Esta editora e a EMI dividem as edições do grupo, estabelecendo um contrato comum para a edição de quatro álbuns. Chama-se "Palavras ao Vento" e apresenta uma formação composta por Pedro, Ayres, Tim, Miguel Ângelo, Olavo Bilac e Fernando Cunha, um núcleo duro ao qual se junta uma mão-cheia de músicos de primeira água: Alexandre Frazão e José Salgueiro (bateria e percussões), Fredo Mergner e Rui Luís Pereira (Dudas), nas guitarras, Fernando Júdice no baixo. Músicos com passagem por inúmeros projectos na área do jazz, como o Ficções, de Dudas e Frazão, ao ressuscitar da secção rítmica dos Trovante, cujos membros, Júdice e Salgueiro, também já tinham andado por outras paragens, desde os projectos de José Peixoto ao grupo de Maria João, no caso de José Salgueiro. As vozes principais dos Xutos e dos Delfins, juntava-se o então desconhecido Olavo Bilac (os Santos & Pecadores já existiam mas ainda não tinham gravado). Com Cunha, Pedro Ayres e Tim, eram seis guitarras acústicas a apoiar três vozes principais e a trabalhar com uma secção rítmica capaz de funcionar neste registo. «Nasce Selvagem», dos Delfins ou «Não Sou o Único», dos Xutos, renascem na Resistência. O alinhamento de Palavras ao Vento, integrava ainda «Marcha dos Desalinhados», «Nunca Mais», «Aquele Inverno», «Liberdade», «No Meu Quarto» e «Circo de Feras». O primeiro concerto tem lugar no São Luís, em Lisboa, ainda antes do lançamento do álbum. Em 1992, a digressão de Palavras ao Vento, que será duplo Disco de Platina, comprova a qualidade do projecto. A Resistência introduz de facto uma nova atitude e marca, efectivamente, os primeiros anos da década. Canções acústicas e imediatas, o sentimento de grupo e de comunidade representado pela reunião de nomes diferentes, a magia directa da mais elementar das fórmulas: vozes e guitarras. Pedro Ayres (e, neste caso, Fernando Cunha, o outro criador do projecto, que envolvia ainda o produtor Jonathan Miller) acertara na mouche, pela terceira vez, após os Heróis e os Madredeus. Rui Monteiro, director do Blitz, define a Resistência como a união nacional da canção portuguesa. Ao todo serão 30 concertos até ao final do Verão. Palavras ao Vento não ficou em sequência. Ao mapa de manual escolar envelhecido do primeiro álbum, sucedia a pega de touros de Mano a Mano, (EMI). Atitude portuguesa, pois claro. A formação mantém-se mas o repertório abre-se a novos sons, como o dos Sitiados, e a velhas cantigas, como «Que Amor Não Me Engana» e «Traz Outro Amigo Também";, de José Afonso. «Amanhã é Sempre Longe Demais» ficará porventura o tema mais emblemático do segundo álbum, onde se ouvem ainda «Um Lugar ao Sol», «Esta Cidade», «Fim», «A Noite», «Prisão em Si», «Perigo» e «Timor». No fim do ano, o grupo toca no Porto e em Lisboa. Os concertos da capital, realizados no Armazém 22, serão gravados para um disco ao vivo a sair no ano seguinte. Em Abril de 1993, a digressão de Mano a Mano leva a Resistência a 20 cidades do País. O grupo participa na primeira edição do Portugal ao Vivo, em Alvalade. No fim do ano sai o terceiro álbum da Resistência, um duplo live intitulado Ao Vivo no Armazém 22, editado pela BMG, ao abrigo do acordo de alternância entre esta editora e a EMI. O álbum inclui bastante material inédito, como uma introdução escrita por Pedro Ayres Magalhães, o tema «Finisterra», de Rui Luís Pereira, dois temas dos Heróis do Mar e um dos Delfins. Após terem integrado José Afonso no seu repertório, a Resistência é um dos grupos convidados, em 1994, para o projecto Filhos da Madrugada, para o qual escolhem o tema «Chamaram-me Cigano». Em finais de Junho, voltam a Alvalade para o espectáculo de «Filhos da Madrugada». É um ponto semifinal na actividade da Resistência, cujos músicos, em particular Pedro Ayres, vão voltar a estar empenhados nos seus respectivos projectos. [Enciclopédia da Música Ligeira Portuguesa]
DISCOGRAFIA
PALAVRAS AO VENTO [LP, BMG, 1991]
NASCE SELVAGEM [12"Maxi, BMG, 1991]
MANO A MANO [LP, EMI-VC, 1992]
AO VIVO NO ARMAZÉM 22 [2xCD, BMG, 1993]
UM LUGAR AO SOL [CD Single, EMI-VC, 1993]
AS VOZES DE UMA GERAÇÃO [2xCD, EMI, 2011]
BANDAS MÍTICAS [CD, Lenoir, 2011]
HORIZONTE [CD, Warner Music, 2014]
COMPILAÇÕES
PORTUGAL AO VIVO 93 [CD, SEJ, 1993]
VARIAÇÕES: AS CANÇÕES DE ANTÓNIO [CD, EMI-VC, 1993]
OS FILHOS DA MADRUGADA CANTAM JOSÉ AFONSO [2xLP, BMG, 1994]
UMA HISTÓRIA DE AMOR [2xCD, BMG, 1995]
POP ROCK EM PORTUGUÊS [2xCD, Megadiscos, 1997]
SOU METADE SEM TI [CD, Road Records, 2002]
PORTUGAL AO VIVO [CD, EMI-VC, 2002]
PRESS
Tácticas de Guerrilha Cultural, Rui Monteiro, Blitz nº 369 de 26-11-1991 [CAPA]
Vozes na Luta, António Pires, Blitz nº 370 de 03-12-1991
Os Grandes Trabalhos da Resistência, Blitz nº 407 de 18-08-1992
Resistir, Resistir Sempre, António Pires, Blitz nº 408 de 25-08-1992
Um Nascimento Selvagem, Blitz nº 415 de 13-10-1992
Experimental, Mutante & Portuguesa, Rui Monteiro, Blitz 421, 24-11-1992 [CAPA]
Veni, Vidi, Vici, Rui Monteiro, Blitz nº 422 de 01-12-1992
Fim do Ciclo, António Pires, Blitz nº 476 de 14-12-1993
Este blogue é uma cópia (feita em boa hora) do extinto Under Review https://underrrreview.blogspot.com/
segunda-feira, 26 de junho de 2017
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