A Filarmónica Fraude nasceu em 1968, entre o Entroncamento e Tomar, com dois ex-integrantes dos G-Men, António Pinho (que deixa de tocar bateria e passa apenas a escrever as letras) e José João Parracho (baixo) que estudava em Tomar com os outros elementos que eram António Luís Linhares Corvêlo de Sousa (compositor e teclista), Júlio Patrocínio (bateria) e Antunes da Silva (aka Toneca, voz). A mulher de António Pinho estudava na Faculdade de Direito em Lisboa e era amiga da filha de um dos donos da Torralta. Através dela conseguiram um contrato para tocar no mês de Agosto de 1968 no Alvor. Tocavam à noite e durante o dia compunham as canções. Foram introduzindo essas novas canções, tais como "Os Animais de Estimação" e a "Flor de Laranjeira", nos espectáculos. João Brito, voz em "Flor de Laranjeira", ex-integrante do Conjunto Académico os Atlas, integra também o grupo. Os membros do Duo Ouro Negro levaram uma cassete com alguns temas à editora Valentim de Carvalho que chega a agendar a contratação do grupo. Porém, o grupo acaba por assinar com a Philips num episódio rocambolesco de espionagem. Em 1969 começam por editar dois EPs. António Pinho faz pesquisas na Biblioteca Nacional para escrever o álbum "Epopeia", lançado também nesse ano, de forma a transpor os Descobrimentos para os tempos actuais. O grupo não chega a ter problemas com a censura à excepção da capa do álbum. A capa foi feita por Lídia Martinez que assinou Lídia 69, por estarem em 1969. A censura cortou a indicação do ano do disco. O grupo acabaria por terminar em 1970, depois de uma cotroversa residência no Casino Estoril, já com Edmundo Silva (ex-Sheiks, ex-Conjunto Mistério) e Luís Moutinho (ex-Deltons), entre outros, a integrarem o projecto. Fez ainda parte do grupo, João Carvalho (guitarra no primeiro EP)e Luis Waddington (ex-Conjunto Mistério). António Pinho explicou ao jornal "O Mirante" a génese do nome do grupo: "Eu sempre tive a mania de ser diferente. Não queria um grupo com um nome parecido com os que havia. Eu sempre gostei muito de alterações e de coisas começadas pela mesma letra porque acho que têm ritmo. Alguém disse Filarmónica, isto no Jardim da vivenda dos meus pais. Gostei da palavra, achava que soava bem, mas era redutora. Então faço aquilo que ainda hoje faço muito na minha vida. Pego no dicionário e vou à letra éfe. Queria outra palavra que começasse por éfe. Que destruísse a Filarmónica e que ligasse bem. E de repente encontro a palavra Fraude. Os outros arrepiam-se, mas acabaram por aceitar". Apesar de só ter editado um LP, um single e dois EP's, a Filarmónica Fraude ficou na história da música portuguesa como um dos seus grupos mais inovadores. O que os tornava diferentes era o facto das sua letras serem profundamente críticas em termos sociais e o facto da sua música ter influências da música popular portuguesa e de alguma pop inglesa, nomeadamente dos The Beatles. O LP "Epopeia", muitos anos depois reeditado em CD, foi a sua obra-prima e um dos trabalhos de referência obrigatória na música do século XX. [Wikipedia e Aristides Duarte, adaptado]
DISCOGRAFIA
FLOR DE LARANJEIRA [7"EP, Philips, 1969]
CANÇÃO DE EMBALAR [7"EP, Philips, 1969]
O MENINO [7"Single, Philips 1969]
EPOPEIA [LP, Philips, 1969]
EPOPEIA [7"EP, Philips, 1969]
EPOPEIA [CD, Philips, 1998]
O MELHOR DE 2 [2xCD, Universal, 2001]
EP3 [CD Single, Guerra & Paz, 2013]
COMPILAÇÕES
INAUGURAÇÃO DO NOVO EDIFÍCIO PHILIPS [2xLP, Philips, 1970]
PORTUGUESE NUGGETS 03 [LP, Galo de Barcelos, 2007]
PSYCHEDELIC PORTUGAL [LP, Lysergic Emanations, 2008]
PRESS
Filarmónica Fraude, Luís Pinheiro de Almeira, Blitz nº 644 de 04-03-1997
Há Fraudes que Vêm Por Bem, João Paulo Callixto, Raio X nº 9 de 18-08-1998
Este blogue é uma cópia (feita em boa hora) do extinto Under Review https://underrrreview.blogspot.com/
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