De carreira curta, os CTT, designação que este grupo adoptou durante o período do "boom" sem querer renegar a origem de Conjunto Típico Torreense, tinham uma sonoridade pesada e foi com "Destruição, Destruição, Destruição" que entraram a matar nos tops nacionais. Vinham dos circuitos dos bailes, conheceram o mesmo sucesso rompante e fulminante, a mesma loucura de gravação contra-relógio que outras bandas da época. "Tinha-se pouco, pouquíssimo tempo de estúdio", recorda Luís Plácido, o ex-vocalista dos CTT: "Aquilo era entrar já com tudo muito bem ensaiado e toca a andar. Não havia tempo para experimentações em estúdio ou para testar fossem quais fossem as possibilidades". No ano de 1981, os CTT gravaram um álbum, "Oito Encomendas", mas já havia desencanto no ar. O ex-baixista dos CTT, Nani Teixeira, de todos o único que ainda permanece como músico profissional, aponta que "viveu-se ali uma época de grande evolução, uma evolução de qualidade e de diversificação, mas em nome da qual foram justamente as bandas que abriram as portas do 'boom' do rock português que depois acabaram por pagar a factura". O líder do grupo, Augusto Alves, recorda que os CTT tinham "uma história muito diferente da maioria das bandas que apareceram naquela altura": "Já existíamos antes, já tocávamos todos juntos como Conjunto Típico Torreense muito antes de toda aquela loucura acontecer. Já tínhamos clientela antes, a certa altura fizemos aquilo, e depois regressámos ao público que tínhamos". Recusando-se a acreditar que os CTT tenham sido "um fenómeno de época balnear", o ex-baterista da banda, Gabriel Matos, afirma que os CTT "ainda continuaram mais uns anos, mas deixou-se de acreditar nas gravações". Augusto Alves, o "senhor Augusto", como a ele se referem os demais ex-elementos da banda, muito pela diferença de idades, mais ainda pelo respeito àquele que identificam como o "dono" do grupo, foi o homem que levou pela mão o Conjunto Típico Torreense dos bailaricos ao estatuto de banda roqueira, nos tempos do pioneirismo do rock cantado em português. E, se o Conjunto Típico Torreense dos bailes sobreviveu até 1994, os CTT que entraram nos tops dos inícios dos anos 80, a cantar "Destruição, Destruição, Destruição", já há muito tinham ficado para trás. [Dulce Furtado]
DISCOGRAFIA
DESTRUIÇÃO [7"Single, Polygram, 1981]
HORA DE PONTA [7"Single, Polygram, 1982]
OITO ENCOMENDAS [LP, Polygram, 1982]
CURIOSIDADES
BRINCADEIRA ALGARVIA [7"Single, Metrosom, 1977]
EM TODAS AS ÁRVORES DO MUNDO [7"Single, Metrosom, 1977]
Este blogue é uma cópia (feita em boa hora) do extinto Under Review https://underrrreview.blogspot.com/
terça-feira, 20 de junho de 2017
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