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terça-feira, 27 de junho de 2017

CRISE TOTAL

Desde o seu início que os Crise Total se assumiram como uma banda de punk-rock, evidenciado, quer pela postura, quer pelos ideais - que nunca deixaram de assumir ao longo da sua existência - a anarquia, a defesa da paz, o fim de todas as formas de exploração. As letras dos Crise Total reflectiam o exemplo da militância em que estavam empenhados, defendendo ou denunciando aquilo que lhes parecia justo ou incorrecto. As músicas tinham uma batida rápida e melodias bastante simples, com evidentes influências do punk-rock de 77 e de algum Hardcore americano da primeira metade da década de 80. O projecto surgiu em 1983, formado por João Filipe (bateria), Paulo Ampola (baixo), Manolo Almeida (voz) e Rui Ramos (guitarra, aka Rui Rocker). A "Crise" começou, desta forma, na sua explosão de força e velocidade, a ocupar um lugar particular de destaque no panorama underground nacional. Em 1984 participam no 1º Concurso de Música Moderna Portuguesa do Rock Rendez Vous e são considerados a banda revelação entre as muitas que passaram por este clube. Consequentemente mereceram direito a gravar um tema - o mítico "Assassinos no Poder", um dos mais representativos hinos do Punk Hardcore nacional - na compilação editada a partir do certame organizado pela então casa-mãe do rock nacional. Os Crise Total alcançaram assim, desde os seus primórdios, o estatuto de banda culto. Os seus temas ficaram na história, graças às cassetes que então se iam gravando à socapa, sobretudo em concertos no RRV e que foram passando de mão em mão, de irmão mais velho para irmão mais novo, por entre todos os amigos daquilo a que podemos chamar o Punk Rock Português. Em finais de 1984, Ampola sai do grupo, entrando Pejó (baixo) para o seu lugar. Em 1985 voltam a participar no Concurso do RRV garantindo sempre casa cheia. No ano imediatamente seguinte, participam no Festival Punk no Porto, realizado na Cruz Vermelha, conjuntamente com Os Cães a Morte e o Desejo, Cagalhões e Kú de Judas. Em Lisboa sucedem-se os concertos, partilhando palcos com Mata-Ratos, Kú de Judas ou Xutos & Pontapés. No final desse ano, João Filipe resolve deixar a bateria, a crise e o país e vai viver para o Canadá em vez de ir para a tropa. Manolo também abandona a banda. É por esta via que, em 1987, surgem integrados no grupo, os seus substitutos, Tiago (voz) e Rui Barata (bateria). Em 1988, novamente com Manolo, após a apresentação em concertos com os Bastardos do Cardeal e com os Morituri, dá-se uma interrupção quase definitiva do grupo. 1995 é o ano do regresso dos Crise Total, com uma formação onde pontificam os fundadores João Filipe, Pejó e Rui Ramos, acompanhados por Xico (voz, ex-Subcaos, ex-Porcos Sujos, The Sadists, Dawnrider e uma infinidade de outras bandas) e Libelinha (baixo, ex-X-Acto, ex-Porcos Sujos). Os concertos sucederam-se a todo o vapor até se fechar a porta em definitivo. Depois do lançamento de "Suicidio Involuntario" em 2003 pouco se ouve falar da banda. Manolo regressa então de Inglaterra, país onde andava fugido à justiça portuguesa. Cumpre o resto da pena e, já em liberdade, junta-se a Rui Ramos com vista ao seu regresso ao activo. Em 2008, com vista à comemoração dos 25 anos de existência do projecto, fazem-se dois concertos na companhia dos britânicos Varukers - um no Porto e outro em Linda-a-Velha). É também editado um CD com 24 faixas gravadas no Rock Rendez Vous durante o triénio 1984-1986. Desde essa altura, o grupo tem actuado pontualmente ao vivo, em mini tours, com concertos realizados no Porto, Moita, Leiria, Aveiro, Sintra e Lisboa. Foram gravados igualmente dois novos temas para serem integrados num split 7 polegadas a ser editado em companhia dos brasileiros Agrotóxico. Desde 2008 que os Crise são Manolo (voz), Rui Rocker (guitarra), Rattus (baixo) e Johnny (bateria). Manolo encontra-se a viver novamente em Inglaterra.

DISCOGRAFIA

 
E A CRISE CONTINUA [CD, Fast'n'Loud, 1996]

 
SUICÍDIO INVOLUNTÁRIO [CD, Zerowork Records, 2003]

 
BEM VIVA NO RRV [CD, Subsoundz, 2008]

 
SPLIT [c/White Flag] [7"Single, Edição de Autor, 2011]

 
MANIFESTO [7"Single, Rastilho Records, 2013]

 
SPLIT [c/Periferia SA] [7"Single, Rastilho Records, 2014]

 
SPLIT [c/Albert Fish] [7"Single, Zerowork Records, 2015]

 
CRISE TOTAL [CD, Dog City Records, 2015]

 
AO VIVO NO RRV 1985-1986 [LP, Carbono, 2016]

COMPILAÇÕES

 
AO VIVO NO ROCK RENDEZ VOUS 1984 [LP, Dansa do Som, 1984]

 
CAOS EM PORTUGAL [CD, Fast'n'Loud, 1997]

 
TO THE EAST AND TO THE WEST [7"Single, Bastard/FNL, 1998]

 
ATAQUE FRONTAL [2xCD, Impulso Atlântico, 2008]

 
RARIDADES 01 [7"EP, Infected/Zerowork, 2009]

 
PUNK 4 JAPAN 01 [MP3, ICM, 2011]

 
DESTRUYENDO LA INDUSTRIA MUSICAL [MP3, Nácion Libre, 2012]

CASSETES
Demo Tape 1984 (3 Temas, 10:41)
Rock Rendez Vous, Lisboa 1986 (17 Temas, 37:14)

PRESS
À Procura dos Perdidos, Fernando Dias, Ritual nº 2 de 03-1991
A Crise Continua, Miguel Francisco Cadete, Blitz nº 588 de 06-02-1995
Brevemente Num Subúrbio Perto de Si, Blitz nº 578 de 28-11-1995
O Segundo Combate, Miguel Francisco Cadete, Blitz nº 589 de 13-02-1996
O Punk Lusíada Não está Morto, Miguel Cadete, Blitz nº 613 de 30-07-1996
Lugares que Ficam Vazios, Joaquim Pedro, Underworld nº 12, 01-2004